domingo, 25 de julho de 2010

Nostalgia





Ouvindo aquela música algo surpreendente ocorreu; a relembrança de todo o espetáculo da vida onde as cenas ocorridas se descortinaram sucessivamente, e com elas os anos de sofrimento, de alegria, de tristeza, de conformismo perante o inevitável, e o que restou foram a reflexão sobre as adversidades, os sonhos não alcançados, as batalhas travadas, os objetivos atingidos.


Hoje,já não estando na aurora da existência, nem tampouco no crepúsculo final, me vejo no meio da imensa estrada sem saber a que ponto chegarei, como será a viagem que realizo por esse caminho , as experiências que ainda desenvolverei, a bagagem que conseguirei preparar para levar.

Nesta estrada, muitas árvores frondosas fazem parte do imenso bosque que a adorna e foram plantadas, regadas, pisadas e tornaram-se a erguer. Da mesma forma, foram fustigadas por vendavais e também por brisas confortadoras, alimentaram sonhos e formas de conseguir realizá-los. Quantas delas se perderam no caminho?

São tantas que não dá para enumerá-las... Muitos dos sonhos revelaram-se tão maravilhosos e certos de concretização, que já poderiam ser visualizados, porém ao longo dos anos tornaram-se poeira ao vento, que levados para bem longe já mal se consegue visualizar. Quantas destas árvores conseguiram frutificar bons frutos? Quantas desperdiçaram suas vidas preciosas apenas a mirar-se no espelho das águas do bosque?Quantas se preocuparam apenas em olhar a folhagem alheia esquecendo-se de cuidar das próprias?Inúmeras deixaram que a vida passasse contemplativamente sem apego, ou mesmo sem procurar criar laços no decorrer de toda a sua permanência e convivência...

A vida é o mistério dos mistérios, nenhuma filosofia ou credo terrenos podem explicá-la, nem sequer se aproximarem da sua verdade. Existências se cruzam, se relacionam, se integram durante um tempo tão fugaz e se desvanecem de repente como bolhas de sabão. O amor, as vivências, a amizade que se enraizam nos prendem, formam elos por vezes insolúveis que sobrevivem mesmo após grandes tufões e tempestades.

Creio que é o que importa nesta nossa vida, o maior dos sentimentos que deve nortear a todos, sobreviverá mesmo quando o deserto tomar o lugar do bosque e já não mais restar pedra sobre pedra.