sábado, 17 de agosto de 2013


Agora chegou a vez do cinema, fonte de lazer,bem-estar e entretenimento....




Cinema brasileiro, suas histórias, seus heróis







A produção cinematográfica considerada como a sétima arte oferece oportunidades inúmeras de criação de um mundo ficcional que como dizem, pode imitar a vida. À frente de uma tela, seja do cinema, da televisão ou de um ecrã de computador, milhares de seres emocionam-se com as cenas apresentadas, chegando facilmente do riso às lágrimas.
As obras literárias aí estão a oferecer opções maravilhosas de recriação e adaptação que nas mãos de diretores competentes transformam-se em verdadeiras obras de arte. Muitos países dedicaram-se nesse afã e ao longo dos anos adquiriram conhecimento e tecnologia que os colocaram no primeiro lugar do pódio destacando-se dos outros e abarcando bilheterias milionárias que enriqueceram seus profissionais dando-lhes fama e poder. Com todo esse sucesso, os detentores de toda essa técnica, egoisticamente não divulgaram seus conhecimentos guardando a sete chaves o segredo da sua produção, e mais, dominando o mercado nacional e internacional  não permitindo que outra nação divulgasse suas obras que engatinhavam num ensaio em busca do desenvolvimento.
Grandes e milionárias produções disseminaram e tornaram conhecidas obras literárias, músicas inéditas e o trabalho de outros profissionais de renome.
Atualmente, entretanto, esse tipo de arte sofreu, não digo uma decadência, mas uma mudança radical na escolha dos gêneros dos filmes de modo geral e que agradou o público mais jovem: as obras de ficção. Personagens de outros planetas, super-heróis fantásticos que demonstram seus poderes miraculosos, ciborgues e andróides criados em laboratórios entre outros, perigosamente levam a imaginação da população para bem longe da cidade em que vivem deixando de concentrar-se nos problemas diários para divagarem nas ações de avatares criados pelos profissionais do cinema. Basicamente hoje em dia, não se necessitam de grandes estórias a serem contadas, o que vale são efeitos especiais que deixam qualquer simples mortal babando estupefato pela qualidade técnica apresentada.
Há muito, os ídolos, os mitos deixaram de ser pessoas humanas como somos, filhos do planeta Terra. Todos preferem vivenciar experiências em Marte ou qualquer outra estrela desta ou de uma galáxia longínqua, desconhecida. Se essa questão afasta o cidadão comum do mundo em que vive e apresenta-se como um ponto negativo ou de mudança radical na vida humana, o que dizer então do nosso cinema brasileiro.
De um tempo para cá, o Brasil, um país obscuro, uma estrela de 5ª grandeza no mundo cinematográfico, passou a se desenvolver e a produzir filmes com mais frequência. Apesar de não dominar a tecnologia, apresenta ainda em seus personagens o homem real, o animal racional ou irracional que vai passando a seu público lições de vida, o problema são com as lições que passa...
É incrível, mas até críticos cinematográficos de renome sentem-se indignados com a falta de caráter dos heróis que o cinema nacional divulga: são assassinos, prostitutas, ladrões, traficantes, farsantes, policiais corruptos, drogados e nunca, notem bem, nunca, um exemplo de dignidade e moral. Qual a razão disso é o que nos perguntamos sem atinar com a resposta. Obras literárias é o que não nos falta, temos escritores clássicos da língua portuguesa que produziram verdadeiras jóias, porém não são nada valorizadas, principalmente se os personagens são dignos e de bom caráter.
Nada contra o Modernismo e seus autores, mas é muito mais fácil produzir um Macunaíma do que um Peri, o incrível é que a população não tem mais interesse em conhecer obras em que o herói é honrado e verdadeiro, ao contrário, prefere os vilões de vocabulário chulo que apresentem uma personalidade duvidosa.
Poderíamos até produzir películas com esse tipo de personagens, mas não as termos como regra geral, oferecendo a premissa de que nesse país só temos o maucaratismo e a frouxidão de caráter como marca registrada. Sem contar que esses filmes são exibidos lá fora e são julgados e analisados por críticos cinematográficos de todo o mundo. Se observarmos bem, os heróis são estereotipados assim como a cultura que eles passam em cenas promíscuas de sexo, carnaval, corrupção, drogas onde os cenários são sempre locais empobrecidos material e mentalmente, não servindo como forma de crescimento a nenhum espectador, pois em momento algum são apresentadas qualidades dignificantes dos seres, contrariamente com eles aprendem-se apenas lições de prostituição, pedofilia, desvios mentais, indução ao tráfico e consumo de alucinógenos. Basta que vejamos os títulos e já deduziremos o resto: “Cidade de Deus”, “Manda Bala, “Tropa de Elite”, “Bruna Surfistinha”, “O cheiro do ralo”, “Carandiru” entre outras pérolas do gênero.
E com toda essa temática, qual o exemplo que fica para nossas crianças e adolescentes assistindo a cenas de violência, sexo e drogas?

domingo, 11 de agosto de 2013

O texto de hoje vai dedicado a ele que comigo conviveu a infância, adolescência e idade adulta durante 47 anos...


Um verdadeiro amor nunca se esquece







Passei hoje próximo àquela revendedora de gás cuja frente exibe a antiga armação metálica da árvore natalina, porém nua, sem os enfeites de todos os anos. Seguindo por aquela rua, a mais alguns metros, encontra-se a sua última casa onde com os braços abertos sempre me esperava por ocasião do Natal; magrinho, cabelos brancos e sorriso sincero, abraçando-me demorada e fortemente como que querendo me prender a seu lado para sempre.
Lembro-me daquelas visitas rápidas, de apenas algumas horas que tanto te deixavam feliz apesar de saber que passaria contigo apenas os rèveillons...
Quanto tempo já passou desde então! Foram quatorze longos anos desde a sua partida e, no entanto, ainda parece que foi ontem que te vi ansioso a me esperar no jardim na escuridão da noite. Já há muito não posso contar com a sua mão amiga, a palavra de carinho, o conforto do seu abraço. Como a vida pode ser tão cruel e covarde quando nos tira aqueles que tanto amamos e que tanto fizeram por nós!
Na distância imensa que nos separa, na imaterialidade que de repente se transforma a existência humana ainda fica o sentimento, o forte sentimento que sempre nos uniu de maneira simples e espontânea porque foste um verdadeiro pai, onde o alicerce da educação foi o amor, num ensinar que não se impõe, mas que se revela sobretudo pela força do exemplo e que me transformou no que sou, alma sensível e solidária, incapaz, a sua semelhança, de fazer qualquer mal ou magoar alguém.
Não é Natal, entretanto hoje vou te fazer uma visita. Não haverá o contato direto, apenas a mentalização tenta unir na espiritualidade e recriar o elo que sempre nos manteve juntos. Não sei se sabes, nesse sábado levo um vaso de singelos crisântemos brancos no lugar onde teu corpo repousa, no pequeno cemitério solitário de Arujá. Conforme o carro devora os quilômetros que nos separa, vou revivendo passagens da nossa vida e tento com esforço visualizar seu rosto simpático.
Eis -me de repente em frente à necrópole onde à entrada, a grande paineira coberta de flores abriga com sua sombra parte da alameda principal ladeada de túmulos silenciosos. Ninguém por ali. Caminho e logo estou defronte à lápide onde deposito a brancura das flores aveludadas. Que oração vou fazer... Procuro ansiosa na bolsa pela pequena Bíblia, sem encontrá-la... Você era um homem religioso, e nos últimos anos se ocupava com a leitura sagrada, que de certa forma servia de esperança e bálsamo para o sofrimento que te consumia. Começo a improvisar uma oração: “Querido pai, que nunca deixaste que nada me faltasse, fazendo o possível e o impossível para me ver feliz. Quantas noites de vigília a mim dedicaste nas horas de doença, quanta aflição te consumiu no afã de conseguir-me o conforto necessário esquecendo-se da sua própria vida  na dedicação familiar... Estas flores que trago comigo hoje quase nada são perante o que para mim fizeste, são apenas  um símbolo que se pudesse, plasmaria com a força da mente e te mandaria para o céu, onde certamente é a sua morada. Tenho rezado incansavelmente para que tenha paz e encontre a glória eterna no mundo espiritual. E que nada te falte, assim como comigo fizeste um dia... Saiba que jamais em tempo algum por mim será esquecido"... Limpo com as costas da mão as lágrimas que inundam meu rosto já marcado pelas asperezas da vida. O silêncio é aterrador, até os passarinhos que por ali passavam calaram sua voz e apenas os últimos raios quentes do sol temos por companhia. Hora de ir. A passos lentos e pesarosos deixo o campo santo onde o tilim-tilim metálico dos números das lápides fazem o seu concerto embalados pelo vento como a me dizer adeus...