quarta-feira, 7 de junho de 2023

Recordar é viver!

 Hoje é meu aniversário... O que escrever nesse dia? É o  que me pergunto em frente à tela do computador.


leitora compulsiva



Já não uso a caneta e papel de outrora para escrever textos e poesia. A velha caneta de pena com que aprendi a escrever as primeiras letras são coisas obsoletas, tão distantes, que parecem ter sido evaporadas na fumaça do tempo...

Já não habito a mesma casa da infância junto a meus pais e irmão. A cidade em que resido atualmente não é a amada cidade onde nasci num 07 de junho frio  e apesar disso ensolarado como são os dias por lá, e pareço ouvir o som dos cavalos das charretes rompendo o silêncio das ruas. Hoje moro em um grande centro, lotado de casas, apartamentos, fábricas, enfim, tudo o que faz girar uma imensa metrópole como São Paulo. Troquei  a tranquilidade do interior pela roda-viva incansável da cidade grande, não me perguntem se foi a melhor escolha, porém a que me restava no momento.

Passei da adolescência para a vida adulta, rompi o elo que me mantinha presa à casa paterna quando me casei, aquela vida rotineira de convivência com os pais, irmão... As brincadeiras e reinações que tanto causavam transtorno à mãe, tudo isso são águas passadas.

Em minha vida já morei em três ou quatro cidades diferentes, cada qual com seu jeitinho peculiar. Fiz amigos por onde andei. Em cada escola onde lecionei, deixei e trouxe comigo muitas lembranças e saudades. Como dizia o sábio  Exupéry as separações só trazem uma bagagem maior para nossa alma:  "Aqueles que partem, não vão só, não nos deixam só; deixam um pouco de si e levam um pouco de nós". Amo tanto essa frase pela veracidade que carrega em seu conteúdo, que gosto sempre de citá-la, usá-la como status em meus grupos de Whatsapp. Realmente, não somos apenas nós, e sim aquilo que aprendemos pela nossa convivência com as pessoas... E olha que não são poucos anos de convivência. Até a mais mesquinha das criaturas que um dia conhecemos nos ensina alguma coisa.

O ser humano se acostuma a tudo, até morar sobre quatro paredes de um apartamento, que é onde habito hoje. Tudo foi passando...Tudo foi mudando, perdi pessoas a quem amava muito, vi partirem  entes queridos que trago na lembrança e no coração! Tenho dois filhos e marido a quem respeito e amo. Posso dizer que sou uma pessoa feliz.

Aprendi muito durante a vida que até hoje gosto de viver com entusiasmo e prazer. Os filhos, aqueles tesouros adorados que significam tudo, também crescem e lá se vão,  enfrentar suas batalhas diárias e ficamos no nosso canto solitário, amando-os à distância e sempre prontos para ajudá-los no que precisarem.

Dos amigos da infância e adolescência, fica a rósea e gostosa lembrança da fase mais feliz pela qual passamos, envolta em sonho,  fantasia, qual nas histórias de fadas, e apesar de todas as dificuldades de adaptação ao mundo digital, agradeço-o imensamente por possibilitar o reencontro com essas reminiscências, o  resgate de momentos lindos que pareciam antes, tão longínquos e impossíveis de acontecer e que agora surgem fantasticamente ao nosso redor. Se são apenas contatos  virtuais, não importa, o que realmente conta é o relacionamento que podemos ter, relembrando doces momentos que não voltam mais, afinal "Recordar é viver"!