terça-feira, 12 de março de 2013


Mais um texto


Comentar, expor fatos relatados em um livro lido e discutir pontos de vista sobre o assunto é muito importante. Talvez seja a ação que o povo brasileiro em sua maioria menos faz. Tecermos comentários, como os que fiz nos quatro textos anteriores, além de ajudar a quem estuda a matéria exposta, oferece opções de ampliar pontos de vista em vários tipos de questões: histórica, política, social, ética e muitas outras.Por essa razão, é uma necessidade estarmos lendo de forma constante e trocando idéias com outros que podem compartilhar opiniões e sugestões. O texto de hoje, foge um pouco deste esquema para tratar de um assunto bastante polêmico que vem incomodando não só brasileiros compatriotas como estrangeiros que através da internet tomam ciência do que acontece diariamente, porque não dizer momentaneamente em todos os países que com essa ferramenta têm a informação em tempo real.


imagem retirada do site: www.google.com.br



BRASIL, UM PAÍS IMORAL?



Começo por expor fatos ocorridos na minha infância na década de 50, onde a Educação era levada a sério em todos os setores da sociedade: nos lares, nas escolas, nas ruas e em todo tipo de estabelecimento frequentado por pessoas.
Quero que fique bem claro aqui que não quero fazer apologia de outros tempos, menosprezando o atual usando de presunção ou orgulho, nem tampouco como muitos dizem, apresentar atitude de senilidade que apenas valoriza o particular vivido sem analisar os fatos ao seu redor.
Geralmente, uma pessoa aos seus sessenta anos é vista por grande parte da sociedade como um ser em extinção, saudosista e depredador de tudo quanto é moderno. Tal fato ocorre com a maioria dos idosos que não param para pensar, que não se atualizam, adotando um paradigma egoísta e avesso a qualquer tipo de mudança.
Apenas como elucidação, a forma de conduzir a vida de uma criança era totalmente diferente da que temos nos dias de hoje, venho de uma família que nunca me ergueu a mão ou castigo para me ensinar alguma coisa, pais presentes, principalmente a figura materna, orientando, aconselhando, encaminhando dentro de princípios básicos para o convívio social saudável.
Hoje, no afã de se inserir a mulher no mundo profissional, fator de lucro para o setor empregatício, uma vez que os salários são mais baixos, aliado ao fator da maior dedicação do sexo feminino, a educação infantil tão essencial à formação do cidadão adulto foi relegada a  segundo plano, a depósitos de crianças, representados pelas instituições privadas ou estatais como creches e escolinhas infantis que no fundo são a mesma coisa e existem como forma de negócio, muito embora afirmem o contrário e muitas delas tentem fazer o melhor possível. Desta maneira, já na mais tenra idade, bebezinhos são arrancados do seio materno e conduzidos diariamente a locais onde, se pudessem escolher, jamais estariam.
Verifica-se com esse fato uma lacuna incompreensível no desenvolvimento de qualquer ser. A não-presença da mãe é inegavelmente a causa de muitas psicopatias e vícios na idade adulta. O alto índice de criminalidade nos nossos dias não se deve apenas a fatores apontados pela mídia e pela ciência como a desigualdade social, pobreza e sim pela falta de amparo, de ajuda e aconselhamento na infância pela mãe, figura insubstituível, único ser capaz de transmitir segurança, amor sem esperar nada de volta. É claro que para toda regra há exceção, uma vez que aquele que não recebeu amor na infância também não saberá retribuí-lo.
A que foi relegado esse amor materno hoje? É fácil responder, a uma pressa constante, a uma escravização obsessiva pelo relógio que controla a todos àqueles que precisam trabalhar. Pela pressa, não se faz um carinho que não podia esperar, por ela não se acompanham os deveres e vida escolar das crianças, bem como não se desperta amor ao estudo, aos livros, não se orienta o que se deve ou não fazer. As pessoas se robotizaram, tornaram-se frias e desprovidas de sentimentos. O dinheiro fala mais alto, para muitos, porque sem ele não podem nem alimentar os filhos que feitos sem planejamento algum superlotam casas sem estrutura física ou psicológica para recebê-los. Para outros, porque levados pelo consumismo compulsivo consideram que amor aos filhos é lotar as casas de quinquilharias e roupas de grife numa competição desenfreada com vizinhos, parentes e amigos. E para  muitos ainda, fato totalmente inadmissível, por preguiça de cuidar de suas crianças, tarefa que, diga-se de passagem, não é nada fácil, assim muitas dessas progenitoras entregam seus filhos aos cuidados de avós, empregadas domésticas quando não os maltratam, abandonam  até perder-lhes a guarda para instituições de amparo a menores e colégios internos, eximindo-se de qualquer responsabilidade, lavando as mãos, à semelhança de  Pilatos.
Outro fator que também merece vistas em outras décadas era a educação religiosa infantil que, na verdade, nada mais era do que uma formação moral, voltada para o fundo espiritual, coisa que hoje em dia, não é vista com bons olhos por grande parte da população. Frequentei duas instituições diferentes que me forneceram a base ética da minha formação moral, da igreja católica e da escola espiritualista. Não havia muita diferença na didática de ambas. Quando se ensinava os pecados capitais como não ter inveja, gula, usura, luxúria e outros com metodologia lúdica e tão convincente o resultado era verificado no futuro: pessoas totalmente humanas, educadas nos mais simples atos como aquele de se sentar em uma mesa e fazer uma refeição, a respeitar aqueles que possuem bens sem odiá-los reconhecendo-os como seu par, enfim ensinamentos que nunca atrapalharam ou diminuíram qualquer ser humano.
Ao invés, hoje o dinheiro de dízimo fala muito mais alto, é o pregão primordial que inicia qualquer liturgia religiosa, muitas instituições condicionam o recebimento de bênçãos divinas a esse fator. O que dizer, então diante disso?
Inúmeras são as questões que envolvem a Educação não apenas do Brasil como de outros países ocidentais onde o capitalismo selvagem impera.
De todos estes fatores a sociedade da era digital, dita altamente desenvolvida, produz seres totalmente insensíveis que não sabem valorizar a vida, não respeitam os direitos e sentimentos alheios; verdadeiras máquinas físicas que agem egoisticamente a seu prazer tirando vidas, maltratando animais e tripudiando sobre eles.
Temos atualmente jornais de mídia impressa e falada, digital ou não que exibem manchetes que chocam diariamente pela atitude insana de seres que friamente maltratam seu par, torturam e cometem atrocidades e crimes hediondos. Isso acontece em todos os países, em menor ou maior escala. O que pesa é a atitude exercida pela Justiça no sentido de corrigir esses desvios amparados pelos códigos penais de cada país.
No Brasil, onde grassa a impunidade, há uma visão do país como imoral, pois não apresenta uma legislação propícia à correção e reparação do erro. Há ao contrário, uma legislação frouxa que facilita o crime e sua proliferação, uma vez que nenhuma das penas é cumprida na íntegra, há o relaxamento delas até em crimes hediondos. A corrupção corre solta, de forma que a população tem no descrédito todos os setores, inclusive o judiciário e seus membros, embora se saiba que essa distorção de caráter não seja regra geral.
Temos dois casos em evidência esta semana: o caso do goleiro Bruno cujo julgamento já foi consumado e surpreendeu a todos com a sentença impetrada. Nem de longe, foi feita a justiça. Mais um crime covarde e sem justificativa que não oferece uma medida de reparação justa. É óbvio que nenhuma punição trará de volta uma vida ceifada, mas e a questão moral do país como fica? O lado do goleiro deve ser também levado em conta e fica aqui também uma reflexão: por que as mulheres insistem tanto em “forçar a barra” para ficarem com homens ricos e famosos? Fosse ele um homem pobre, jamais mulher alguma exigiria ou teria morrido para reconhecimento da paternidade. Nossa sociedade precisa parar de valorizar alguém pelo que tem, quantas mortes não estão acontecendo pela supervalorização do dinheiro?
O segundo caso ainda em andamento do advogado Misael que ao que tudo indica assassinou friamente a namorada, Mércia, cujo motivo ainda não foi evidenciado. Porém nem é preciso justificar, não há justificativa para tamanha crueldade e covardia contra uma mulher frágil e indefesa.
Antes de se fazer um código penal justo, eficiente que aplique a justiça em todos os casos é preciso uma atenção maior ao início da vida, à infância citadas no início, conduzindo-as com mais carinho, atenção familiares, onde o amor seja o esteio e o único caminho eficaz para que tenhamos uma sociedade saudável espiritualmente, que ame e seja amada, que respeite e seja respeitada, que valorize sobretudo o ser humano acima de qualquer bem ou valor material.