segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Enquanto Deus assim o permitir...

 Boa-tarde a todos que me honram com sua presença nesse espaço onde todos são bem-vindos para leitura, reflexão e discussão saudável e democrática. Aproxima-se a dia de finados, data especial para nos lembrarmos daqueles que tanto amamos e que se foram para a eternidade...


pixabay



Faz alguns anos que deixei de escrever nessa data, pelo fato de gerar tristes lembranças de uns dias por que ninguém deseja passar ou relembrar. 

Todos nós jamais estaremos livres de enfrentar momentos de dor e sofrimento, a perda de entes queridos. Seja uma mãe, um pai, uma tia ou primos amados, até mesmo amigos a quem tanto prezamos, cuja presença não teremos mais, apenas nas páginas da memória.

Uma das mortes que até o momento me calou mais fundo, foi a do falecimento de meu pai. Com apenas 69 anos, lutava contra um vírus que adquirira no hospital após uma transfusão de sangue decorrente de um acidente automobilístico. Mas estava bem, fazia sua dieta corretamente em meio a restrições terríveis na alimentação. Quando sofreu uma queda em sua residência em Arujá, necessitou de internação frente à fratura que sofrera e lá de repente, sem nenhum aviso, veio a indesejada notícia.

Residia por essa época, ano de 1999, na cidade de Rio Claro, e me preparava para o fim de semana de folga do trabalho para lhe fazer uma visita, quando justamente na sexta-feira, fui comunicada da triste ocorrência. Tudo o que aconteceu naquele dia, trago guardado fotograficamente em minha memória, foram os dias mais dolorosos por que já passei e não os desejaria ao pior inimigo, se tivesse.

Como faço habitualmente nessa data, visitarei o pequeno cemitério, tranquilo, levando a singeleza das flores brancas e amarelas ao local onde seu corpo repousa há 24 anos. Crio minhas próprias orações, leio passagens da Bíblia Sagrada que ele tanto amava ler nos seus últimos e sofridos anos. Acendo velas e ali fico por um bom tempo até que as lágrimas da parafina escorram como um pequeno rio.

Passo-me a lembrar de muitas cenas que compartilhamos juntos, momentos felizes, tristes, engraçados...

Nesse finados, irei sozinha fazer essa visita, minha querida mãe já não consegue pelo avançado da idade subir a grande rampa de acesso ao campo santo, muitos perdem a ilusão de comparecerem a esse local por não encontrarem significado nesse ato  que continuo fazendo por vários anos.

Mas o meu espírito romântico acredita, ele não aceita ainda a frieza dos crematórios que não nos deixa um local para que possamos meditar e refletir sobre aquela pessoa que nos deixou. Muito triste a ideia de cinzas ao vento e tudo se acaba de repente.

Nesse finados, irei novamente ao cemitério, levarei flores e velas, lerei páginas da Bíblia e, meditando, terei a imagem viva daquele que me proporcionou conviver com as maravilhas e infortúnios da nossa passagem por esse planeta, enquanto Deus me permitir.