sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Recordar é viver...

Amigos, é sempre bom escrever neste livro virtual que é o blog. Nele podemos  publicar o que quisermos sem censura (por enquanto), não dependemos de editoras para selecionar nossos textos. A literatura   é a minha paixão junto da música erudita, porque amo o piano e acho que desde que nasci. A primeira vez que ouvi uma prima  tocando, por ele me apaixonei e sempre fez parte da minha vida, seja nos momentos de alegria ou de tristeza, os sons que dele saem  me alimentam a alma.
Porém, não é sobre isso que vou escrever hoje. Quero deixar registrados nestas páginas que virão, a importância, o valor que a nossa vida tem, desde seu início até o nosso desenvolvimento completo como pessoa, como ser humano que vem para este planeta com a finalidade de  aprender nessa grande escola que é o mundo onde vivemos. Nele, temos que valorizar todos os detalhes e pormenores que nos rodeiam, porque têm uma grande importância na nossa vivência aqui passageira, nada pode passar despercebido aos nossos olhos, e esse olhar não deve ser apenas fotográfico, mas tem que ser o olhar da alma, que além de registrar, possui a capacidade de amar tudo aquilo que vê, e é por esse motivo que ela não pode ser pequena como dizia o grande poeta português Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena". Pois bem, sou uma pessoa um tanto diferente, acho que muito poucas tiveram a capacidade de como eu fazer um diário de vida às avessas. Bem, vocês perguntarão: mas como assim?
Durante toda a minha existência, manifestei amor pelas coisas mais ínfimas que vocês podem imaginar. Na infância, ainda muito pequena de que não tenho lembrança, conta minha mãe que me punha a afastar os matinhos por onde caminhava e lhes acariciava e pedia licença para passar. Essa meiguice de infância guardo até hoje dentro do meu ser. Se me sento a uma mesa para fazer a refeição, a primeira coisa que me vem à cabeça é o sacrifício daquele animal que nos está fortalecendo com a sua carne, com a sua alma e me compadeço dele enquanto agradeço mentalmente.
 Há pessoas que valorizam seus presentes pela etiqueta e preço que eles trazem. Sempre procurei dar valor às pequenas coisas, aos pequenos gestos. Quanto maior o sacrifício envolvido para comprar um presente a alguém, maior o seu valor para mim.
Fui guardando durante a vida estas lembrancinhas todas: cartões de Natal, de casamentos, de aniversários, pequenos mimos como uma caixinha de fósforos (amorfos) vazia vinda de Portugal  enviada por um cunhado, cartas (todas elas) folhetos importantes sobre trabalho que me passavam, tudo isso ante o olhar apreensivo de minha mãe que sempre me alertava e aconselhava para que jogasse estas coisas, não há lugar para tudo isso numa vida.
Mas teve sim. Comecei a fazer um diário de vida aos 56 anos. Só que é um contar regressivo e me surpreendi com a sequência lógica que consegui fazer. É uma pena que não seja virtual, porque se assim fosse poderia mostrar algumas partes de uma vida comum, mas não desinteressante. Através deste diário, compus minha vida amorosa: cada carta ou cartão é precedido de explicações românticas, engraçadas, tristes...enfim! Estou agora terminando o segundo volume, o  dos amigos, alunos, professores, familiares. Tenho medo por estes álbuns...Sabemos que os papéis apesar de frágeis, sobrevivem além da nossa materialidade...Eles podem passar de geração em geração se for do seu interesse. Mas, podem também ser jogados e esquecidos em um canto qualquer até que alguém  os encontrem e por eles se interessem, ou jogue-os ao sabor do vento...



Olha para este mundo em que vives... Dá importância a cada detalhe, a cada gesto, a cada sacrifício.
Acostume-se a agradecer mais do que maldizer. Agradece a vida que tens quando muitos já se foram. Bendiz a casa que te abrigas, quando muitos não têm onde morar...
Ama aquele que te dá amizade e amor quando tantos já não têm ninguém para amar ou de quem receber amor....Reconhece o gesto do presentear sem avaliar o valor monetário do mimo, lembre-se antes de que foi lembrado, e isto é o que mais importa.
Ama a natureza a seu redor: as árvores que te dão sombra e conforto, os céus que te cobrem com a beleza das nuvens a adorná-lo. Ama a fúria do mar quebrando-se num fortíssimo contra os rochedos, ou a suavidade do regato a murmurar entre as pedras, ama as conchinhas da praia, os peixes e todos os animais deste planeta.
Dá importância a cada acontecimento de sua vida. Mesmo que pequenos eles sejam , como peças de um quebra-cabeça, vão compondo a sua história na passagem por este planeta.
Valorize o alimento que tens sobre a mesa quando tantos não possuem o que comer.
Não reclames, não digas eu não gosto do que sou, poderia ser assim... Antes dá o devido valor ao corpo perfeito quando outros são tão deficientes desta perfeição...
Ame, ame profundamente, não tenha medo de amar ou demonstrar amor. Não observe os defeitos, presta mais atenção às qualidades...
Releve as falhas, principalmente naqueles que te amam e que amas, nada é perfeito, aliás conscientiza-te de que  podem  não existir imperfeições, mas diferenças de pensamentos.
Conta até dez antes de ofender ou atirar pedras, respire fundo antes da cólera e ela passará.
Sobretudo guarde na memória as  lembranças boas, engraçadas, ou más, afinal de contas... Recordar é viver!