segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Cada ação tem uma reação

 


(Freepick)




E também um resultado que pode ser analisado em pouco tempo ou em algumas décadas...

Refiro-me aqui à retirada da disciplina Música do  currículo das escolas públicas de uma maneira geral, fato catastrófico que repercutiu drasticamente na formação cultural dos alunos deste país. Segundo pesquisa, na fase áurea da Educação brasileira essa matéria foi lançada oficialmente no currículo através do decreto  19.890 de 1931 e era denominada por Canto Orfeônico, tendo como destaque nesse campo, o maestro Heitor Villa-Lobos que no ano seguinte, assumiria a posição de diretor da superintendência de educação musical do Brasil. Ao nome dele está também relacionada a criação do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, órgão formador de professores da área. Certamente, educadores aposentados mais antigos deste período ou até anterior a ele podem certificar essa ocorrência se ainda estiverem vivos e com sua capacidade mental  preservada.

O resultado dessa ação, foi a produção de um público mais bem formado em sua cultura geral, articulado em apresentações e análise de conteúdos musicais , em que eram visíveis a sensibilidade e afinação tão necessárias neste assunto.

 Iniciei meus estudos  em música a partir do curso ginasial, hoje conhecido por Fundamental 2 no ano de 1962, portanto me beneficiando, felizmente, dessa dádiva que é o conhecimento musical. Não havia limites e nem barreiras na aprendizagem. Todos nós estudantes desse período cantávamos afinadamente e com sentimento todos os maravilhosos hinos cívicos do Brasil, o que em nada nos prejudicou, pelo contrário, levou-nos ao desenvolvimento de respeito ao país e a seus símbolos. Atualmente, convivemos diariamente com jovens que não conhecem letra e música do próprio Hino Nacional e não por sua culpa, pois são privados deste ensino. Se entoamos o hino pátrio, muitos professores se assustam e já mencionam se estamos querendo a volta da ditadura militar, coisa totalmente absurda; não há relacionamento algum a esse respeito, embora naquela época o ensino público se apresentasse como o de melhor qualidade da escola pública brasileira, não necessitando de cursinhos preparatórios para ingresso nas universidades. Graças a essa época, iniciei com dificuldade meus estudos de piano que só pude concluir com 43 anos no Conservatório Musical de Rio Claro, hoje extinto.

Já nos estudos do Normal, curso que na época formava  professores, contávamos com excelentes profissionais, cuja formação era invejável, como o Maestro Raab, meu professor de música do 1º ano, com aulas ao som do piano em que lançava desafios vocais, como modular a voz e  produzir variações em determinados trechos do Hino à Bandeira, estimulando o conteúdo vocal do aluno, uma coisa fantástica! Como sempre amei essa disciplina, saía-me muito bem e sempre tirava as melhores notas. 

A LDB (Lei de Diretrizes e bases da Educação  o ano de 1961, a de número 4.024 mudou o nome da disciplina que passou a ser denominada como Educação Musical perdurando por uma década apenas, até a sua extinção do currículo com a LDB 5.692 que a substituiu pela matéria Educação Artística.

Analisando hoje, após várias décadas, constatamos o prejuízo visível que tivemos; os educadores já não possuíam a formação específica da área, raramente um ou outro professor lidava com isso e fomos nos perdendo na obscuridade e ausência desse material que nos deixava profundamente felizes e capazes de compreender  a teoria musical.

Esse fato pude verificar quando ingressei no magistério em 1973: alunos totalmente desafinados, inibidos quando precisavam produzir um conteúdo vocal ou instrumental.

Nesse ponto é que me questiono incansavelmente: "Qual o benefício que essa atitude legal obteve com essa medida?"