terça-feira, 27 de maio de 2014

O assunto de hoje não é  menos polêmico que o da última postagem, embora fira a maioria da população, não diria brasileira, mas mundial, é uma grande verdade...



ATIRE A PRIMEIRA PEDRA...



Esse texto nasceu após a entrevista do jogador de futebol, Alan Kardec, ao programa Globo Esporte no dia de hoje. Dizia o jogador que ao abandonar o Clube Palmeiras onde jogava e filiar-se ao São Paulo Futebol Clube, foi denominado "mercenário" pelos torcedores brasileiros, situação idêntica ocorrida com Ronaldinho Gaúcho ao deixar o Time do Grêmio para jogar no Atlético Mineiro.
Um bom começo é o questionamento: o que é ser mercenário? Se procurarmos pela etimologia da palavra, ela provém do latim mercatus que significa mercado, compra e venda. Logo "mercenário," agente de negociação, de mercado. Segundo vários dicionários da língua portuguesa, tal palavra, falando-se o português rasgado, indica aquele ou aquela que apenas trabalha por dinheiro, esquecendo-se de outros valores mais significativos.
A grande ironia da questão reside na hipocrisia das pessoas que criticam o próximo e assim denominam aqueles que buscam seu interesse monetário, satisfações de ordem material, ascensão e status social. 
Já convivi com pessoas próximas, cuja identificação não vem ao caso no momento, tentando se inscrever como soldado mercenário em outros países em guerra com a única intenção de ganhar dinheiro e saírem da miséria extrema em que se encontravam; solas de sapato gastas, uma ou duas trocas de roupas surradas e alimentação precária. Buscar melhora dessa situação é motivo para julgamento  e denominação pejorativa?
É revoltante olhar ao redor e verificar que a maioria daqueles que rotulam, com o perdão da palavra, "sentam em cima do rabo" para avaliar o tamanho da cauda alheia. São todos muito mais que isso; por acaso, mercenário não é aquele que puxa o tapete de seu colega ou amigo de trabalho para se usurpar do seu cargo? Fato rotineiro de  que todos sofremos diariamente...
E aqueles que vivem vendendo inconscientemente ou não, seu próprio país, deliciando-se em papaguear palavras de outro idioma que não o seu, a cada minuto, ridicularizando aquele que não simpatiza com essa atitude, diríamos traidora e não menos mercenária? São expressões que nada nos dizem respeito como: self, what's up? down, clean e tantas outras que os pobres imbecis desse país nem sabem escrever corretamente e, no entanto, respaldados e reforçados por uma mídia canalha que não dá a mínima para seu país, induz e alicia os míseros teleguiados a, é claro, apenas por dinheiro, valorizarem o continente norte-americano, tornando-os  escravos em potencial de corpo e alma. É uma bela atitude? Enquanto há previsões de futuros vergonhosos de duzentos mil mortos por fome  na Somália, o paradoxo de um narrador esportivo da rede Globo receber cinco milhões por mês para transmitir, no mínimo, uma grande cultura inútil compartilhada, certamente, por inúmeros alienados...Isso não é ser mercenário?
O que dizer então de nossos homens públicos, que só faltam lançar um decreto-lei mudando a língua nacional, já que não têm o patriotismo e a coragem necessários para o trabalho sem corrupção e a afirmação de uma autonomia nacional? Isso não é ser mercenário? 
Pena, é que o cidadão nesse país ao atingir a idade de sessenta anos ou mais, é considerado velho, gagá, piegas e outros adjetivos mais carinhosos para denominar aquele que chega ao auge do raciocínio lógico e que tem a inteligência e a coragem de tentar mostrar o óbvio sem a loucura da adolescência que mercenariamente é induzida a idolatrar mitos internacionais e toda uma sorte de parafernália de outros países, sem saber a razão, a intencionalidade e toda a bandalheira  que se oculta atrás disso tudo.
De uma vez por todas, enfiem em suas pobres cabeças: o cidadão comum vive apenas para manter um status, ganha uma miséria, com raríssimas exceções, gasta o que não tem, pois afunda-se em dívidas constantes de cartões de crédito, cheque especial e empréstimos para inserir-se como tantos outros em mídias sociais de relacionamento e postar um self de preferência com seu smartphone último modelo e, atentem para um detalhe: em qualquer lugar: reuniões importantes, apresentações que exijam silêncio e atenção, salas de aula, enfim, lamentando-se não poder inserir o aparelho recém-adquirido na própria foto.Uma lástima! Isso não é ser mercenário? Não apenas isso, é ser i-d-i-o-t-a! 
Grifes caríssimas, são adquiridas até, se possível, através de roubos, mas são indispensáveis, tanto por miseráveis quanto por aqueles endinheirados emergentes sem cultura alguma, porém, a etiqueta, a exemplo de que Drummond já alertava em seu poema, é a sua maior identidade...Por acaso, isso não é ser mercenário?
Calem-se de uma vez as más línguas que teimam em censurar e a designar como interesseiros àqueles que buscam melhores salários e condições financeiras, parem de dimensionar o nariz alheio...
E parodiando Cristo em suas parábolas: Raça de víboras, que quem não é mercenário nesse país, atire a primeira pedra...