segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Mais um texto argumentativo

A Avaliação Diagnóstica da Diretoria Centro para o segundo ano do Ensino Médio escolheu como tema para um artigo de opinião "O corpo da moda na sociedade de consumo" e ofereceu três textos a respeito da vaidade  em uma proposta. O primeiro deles, de caráter informativo, esclarecia sobre mitologia grega na figura de Narciso, que escravo da própria beleza perdeu a vida pela supervalorização da aparência  física. O segundo, também informativo comenta a obra de Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray, onde o protagonista obcecado pela sua beleza, concentra-se em conservá-la eternamente compactuando com forças do mal enquanto que a sua foto sofre as mutações de uma vida desregrada e regada a orgias sexuais e morte. Já o terceiro deles, extraído do livro Violência e Psicanálise de Jurandir F Costa, fala abertamente da superficialidade do mundo moderno, que escravo da mídia,  compõe a nossa sociedade de consumo...


ESCRAVIDÃO DO NOSSO SÉCULO 



Muitos textos já versaram sobre esse assunto, porém ele não se esgota num momento em que o homem, um simples animal racional, deixa de conscientizar-se sobre a sua animalidade para ficcionar-se e perder-se em fantasias procurando se identificar com personagens criados pelos artifícios dos meios de comunicação massivos tornando-o um escravo em potencial.
O notável poeta Carlos Drummond de Andrade a esse respeito construiu um belo poema, onde estampava a quê está resumida a vida do homem moderno: a uma mísera etiqueta, que encerra uma grife, tornando-o uma coisa, um mero divulgador ambulante das marcas que lhe são impostas no dia a dia, pagando altos preços para divulgar e enriquecer multinacionais. E a crueldade toma conta do ser humano quando ele sacrifica a sua própria vida para adquirir um bem, intuindo obedecer a um padrão que lhe é imposto, sem o qual não consegue mais sobreviver. Por menor que seja o salário, os produtos devem ser adquiridos a qualquer custo, levando à dilapidação de bens e a vidas arruinadas sem perspectiva de ascensão. Seres desprovidos de essência vivem pela superficialidade, discutindo com amigos nos facebooks da vida ou em fúteis reuniões diminuindo aqueles que não se enquadram no perfil exigido pela ridícula sociedade atual.
Os primeiros requisitos para uma boa impressão são as marcas de roupas e acessórios, tipos de celulares, carros e joias. Nunca, porém, essa avaliação toma por base o que uma pessoa é, seu caráter, dignidade e ética. Nesse ponto a que chegamos, podemos seguramente dizer que houve uma decadência no nível intelectual dos homens atualmente, fato que dificilmente poderá ser revertido.
Por amor à aparência física, as pessoas se matam em academias ingerindo substâncias perigosas para exibirem um corpo atlético, contrariando a genética e predisposições hereditárias; muitos, na tentativa de parecerem o que não lhes é possível ser, preenchem com produtos químicos partes do corpo que têm vergonha de exibir, sem contar aqueles que morrem em mesas de cirurgia tentando mudar a natureza a qualquer custo em plásticas e lipoaspirações intermináveis, chegando a verdadeiros aleijões no intuito de conservar a aparência física que o hipócrita relacionamento social exige.Sem contar os regimes rigorosos que as pessoas enfrentam para equiparar-se a modelos e mitos criados com a intenção de comercializar produtos. Envelhecer naturalmente tornou-se cafona, da mesma forma de que ser natural nada significa num mundo que gira em torno do dinheiro e falsidade.
Encarando racionalmente essa atitude humana, chega-se à conclusão lógica de que toda essa mudança criou um novo ser que odeia seu  próprio corpo com todas as forças, objetivando o nascimento de uma Vênus emergida de uma bela jogada de marketing capaz de transformar toda uma população em um bando de idiotas teleguiados que nem senso crítico têm mais.
A nova geração que prolifera e cresce mais do que erva-daninha fará Narciso e Dorian Gray parecerem inocentes  em matéria de culto à aparência física, pois extrapola qualquer tipo de vaidade antes apresentada, chegando ao cúmulo da negação da própria identidade na busca de inserir-se convenientemente e agradar a todos.