terça-feira, 7 de março de 2023

Uma homenagem que incomoda

 Amigos leitores, desculpem-me a franqueza, porém ultimamente, as datas comemorativas são cansativas, as atividades relacionadas estendem-se por semanas, o estrago que fazem em nossa paz é incomensurável...



😠😠😠😠!



Mês de março. Quando ele se aproxima, logo me recordo do período em que lecionava: todos os anos, consecutivamente a comemoração do dia da Mulher. Cada oito  de março para mim e acredito para muitos que não têm a coragem de assumir, era entediante. Aquela mesma historinha de sempre de mulheres queimadas na fábrica de tecidos americana, preconceito e machismo que temos que trabalhar incansavelmente como outros vários projetos que vêm de cima para baixo e que não podemos discutir. 

Assunto chato para redação, não há atrativo em escrever sobre um monte de baboseiras repetitivas que envolvem a data num momento em que muitas das principais interessadas não estão nem aí para filhos, maridos, família ao contrário da idolatração do gênero que coloca todas em um pedestal de ouro, mostradas sem direito algum, em uma comiseração de dar medo.  Nunca me senti assim, e olha que sou mulher...

Nessas horas de março, não canso de abençoar minha aposentadoria que me livrou de fazer o que não queria, perdendo horas preciosas que poderiam ser dedicadas a ensinar de fato o que mais interessava para a vida: a arma do conhecimento para enfrentar a luta diária.

Como se não bastasse, minha residência é próxima do Parque Tietê Armênia,  estádio da Lusa e Parque Anhembi... Estes dois últimos terceirizados e com uma agenda bastante ativa. O maior problema é que a comemoração do dia da Mulher começou com dois dias de antecedência e despertei já na manhã do dia três, sábado com um barulho ensurdecedor de possantes caixas de som, que pareciam estar a serviço de São Paulo inteiro e do demônio, dado a intensidade e altura do volume nos aparelhos que fizeram as crianças aqui da quadra do meu prédio perderem o páreo, e olha que têm uma garganta...

Guitarras estridentes apresentavam na maioria músicas latinas e pop e os baixos reverberavam de tal forma que refletiam no estômago, causando enjoo. Parecia que todos deveriam compartilhar do mesmo gosto musical e da cara de pau de passar por cima da lei do silêncio, e ela existe, ultrapassando todos os decibéis permitidos e de lambujem, muitos mais.

Por incrível que pareça, a atividade de lazer durou todo o sábado até, acreditem, quase quatro  da matina. Consegui dormir mal e acordei com o mesmo inferno por esse horário. O domingo mesma coisa, até saí do apartamento para me certificar de onde vinha aquela desgraça toda, temendo que os famigerados bailes de rua, principalmente os funks estivessem acontecendo, o que por força de providência divina não ocorria  e percebi a movimentação no Parque Tietê, onde um palco gigantesco fora montado. Pensei em reclamar, mas para quem? Só se fosse para Jesus, porque a própria polícia ali estava para dar segurança ao evento... Não estava no local  para que se fizesse cumprir a lei do silêncio... Em uma outra ocasião, registrara um caso parecido no site da prefeitura da cidade e até hoje, já se passaram quatro anos aproximadamente e nada de resposta.

Engraçado que quando é para trabalhar, todos são considerados escravos, submetidos a sofrimento, entretanto  para lazer destrutivo da tranquilidade alheia os mesmos varam a noite com prazer e não são escravos, isso se dá voluntariamente? Pelo amor de Deus!

Aquilo me reforçou , me condicionou negativamente com a data da homenageada, resumindo-se em repúdio e por que não dizer ódio? No domingo, o mesmo. Despertada com a mesma cena do sábado, roguei a Deus para que calasse aquele bando de insanos, e à noite, ela veio para me salvar: a bendita chuva que caiu a cântaros, dissipando a turba e acabando com aquele festa indesejável para os moradores do bairro em que resido. 

Eu cantava por dentro: "Chove chuva, chove sem parar!" Nunca amei tanto uma chuva como essa que chegou de surpresa, ditando sua lei que ninguém pode violar...