terça-feira, 9 de fevereiro de 2016


Boa-noite. Retorno a este espaço depois de  um período de férias e merecido descanso. Para a volta, nada melhor e relevante do que uma crônica sobre o amor filial que acompanhará toda a jornada de pais e filhos...








Amor sem fim


Hoje recebi sua agradável e tão esperada visita. 
Filha, tenho que dizer que já não és mais aquela criança quieta, linda e tão meiga de outrora. O que vejo agora em nossos encontros é a presença de uma mulher já feita, que ainda não perdeu a beleza e a meiguice da infância. Me esforço para que as lágrimas não rolem pelo meu rosto, lembrando do dia em que deixaste nossa casa para construir o seu próprio lar junto daquele que ama. Como sentimos nesse instante o vazio que toma conta de toda casa, onde a presença daqueles que nos são caros por muitos anos ali esteve, trazendo apenas alegrias e contentamento; a juventude que anima, preenche e satisfaz a vida dos pais.
Porém, depois que deixam a casa paterna, algo muda profundamente: já não há o tempo disponível para conversas perdidas através das horas, momentos intermináveis de convivência diária e compartilhamentos, a atenção mútua, a preocupação e a vontade de participar, ajudar, desejar o melhor do mundo em busca da felicidade!
Agora, a luta pela sobrevivência e realizações pessoais é uma busca individual, sem a ajuda e acompanhamento constante de dantes, sem asas protetoras a evitar as dores e sofrimentos...
Por estas e outras razões é que, de longa data,  se ouve o jargão " filhos são para o mundo e não para os pais", mas como aceitá-lo e fazer a doação tão difícil que tanto machuca e magoa?
As preocupações continuam à distância, não menos sofridas em indagações solitárias sobre como estarão vivendo, estarão se alimentando bem? Trilhando bons caminhos? Estarão sendo bem amados como o eram em casa?
Muitos pais se adaptam e conseguem continuar seu caminho, agora mais solitário, preenchendo o tempo com outras atividades enquanto que, para alguns, o sofrimento é eterno, perdido em lamentações compartilhadas com amigos e parentes, e, uma minoria, possessiva, egoísta, faz de tudo para segurar os filhos perto de si, usando artimanhas mil...
Não cheguei a extremos, a egoísmos ou lamúrias, conheço bem a vida, sei que ela não é fácil, é preciso deixar viver, afinal todos tiveram a oportunidade de construir a sua própria, por essa razão, deve-se dar a liberdade para todos possam ter a mesma oportunidade.
Filha, confesso que admiro sua independência, capacidade de luta e talento para desenvolver sua profissão com uma boa dose de arte e beleza como só você pode fazer, saiba que está desempenhando seu papel com amor, talento, responsabilidade e o que é melhor, com competência. Se enfrentas injustiças, tristezas e dificuldades na sua vida diária, estás conduzindo estes obstáculos com maestria e paciência, por isso manténs o brilho de sua estrela  a iluminar os caminhos...
Que mantenhamos por muitos e muitos anos de nossa existência essa cumplicidade, essa união de almas que a despeito da ausência inevitável do momento, sobrevive e sobreviverá através do tempo...