terça-feira, 9 de outubro de 2012

É preciso contradizer: estamos ou não em uma democracia?


Voltei novamente às antigas funções do magistério as quais havia abandonado pela aposentadoria desde 2005.
 Ao me inserir novamente na profissão constatei, como exposto no texto anterior, uma nova decadência no nível de aproveitamento  dos alunos atualmente, fato que vem acontecendo regularmente com as novas leis que regem a Educação deste país. Bem, mas o assunto hoje é outro; estou sem postagem há  mais de uma semana  graças ao maciço trabalho em sala de aula e a dedicação que se faz necessária para extrair o mínimo, para tirar leite de pedra, como diz o velho ditado. Porém, ao entrar na sala dos professores hoje, deparei-me com um texto de Bertold Bretch muito questionável por sinal, afixado no quadro mural em destaque que se intitulava: "Analfabeto político" onde propositalmente escolhida, a matéria cuidava de diminuir o cidadão apolítico, acusando-o de analfabeto, alienado, sem interesse nos rumos do país e outros despautérios mais. Como todos afirmam, estamos em um regime democrático, assim posso discordar do autor deste texto que classifica o apolítico como "imbecil" e ele usa esta palavra e ainda o responsabiliza pela marginalidade que ocorre no mundo citando as prostitutas, menores abandonados entre outras mazelas.    Desta forma, resolvi escrever o que se segue:







Analfabeto Político



A arrogância e a certeza presentes em algumas personalidades a respeito de que de tudo sabem revelam-se como uma posição  totalmente descabida e insuportável de se aceitar. Afinal, temos ou não o direito de não votar ou não opinar sobre política? Sabemos que a real postura democrática favorece e garante o direito de todos expressarem ou deliberarem sobre temas diversos e neste caso não pode ser diferente. O que nos torna indignados é que as críticas partem de pessoas totalmente descompromissadas até com sua profissão, pois deixam muito a desejar em seu desempenho profissional. Com que direito então fazem críticas e se julgam totalmente capazes de escolher candidatos e partidos e se julgarem alfabetizados politicamente? Percebe-se visivelmente o descaso com prazos e organização na própria performance de professores que discutem em total falta de ética política com seus alunos e colegas querendo induzi-los a este ou aquele candidato, a este ou aquele partido quando tal ato para um educador é simplesmente fora de propósito, da mesma forma como aqueles candidatos que à semelhança de verdadeiras marionetes são levados ao poder pela força religiosa  que covardemente ilude a população inculta e facilmente conduzida pelo medo de um Deus castrador e ignorante que prolifera nestas casas ditas sagradas, que se assim o fossem, jamais cogitariam assuntos mundanos como condicionar pagamento de dízimo a bençãos divinas e escolha político-partidária dirigida em benefícios próprios. Entretanto, é preciso não fugir do objetivo deste texto que agora escrevo, o analfabeto político é justamente aquele que fixou aquela matéria no quadro mural da escola. E digo isso não por raiva ou pela indignação que de repente invade todo o nosso ser ao ver aquela crítica mais que direta aos colegas de classe, porém por perceber todo aquele que não enxerga mais além, que pensa pequeno e acredita que tudo sabe sobre qualquer assunto, não apenas política. Este é, na verdade, o verdadeiro alienado que aponta o dedo acusador e crítico se achando o "expert", o sabe-tudo quando na realidade, deveria apresentar mais humildade, senso crítico e respeito pela postura dos outros.Parecem não perceber o grande sistema já armado para as eleições onde o candidato nada mais é do que um mero empregado de um grupo poderoso e que deverá cumprir todas as metas traçadas sob pena de perder seu mandato e nunca mais eleger-se a um cargo público. E isto é tão óbvio, que até uma criança poderia perceber, dado a falta de individualidade dos vários mandatos exercidos nos cargos eletivos de presidente, prefeito, governador etc. É visível à obediência a planos pré-determinados que nunca possibilitam o novo, o necessário para todos, mas sim medidas eleitoreiras, patrocinadas por poderosos que constantemente se envolvem em corrupção favorecendo massivamente a classes menos privilegiadas, porém ociosas, que não lutam para seu aprimoramento cultural e econômico usando  o dinheiro público de uma forma injusta, empobrecendo as camadas da população que se matam num trabalho escravo e mal remunerado para sustentar as não merecidas bolsas-tudo que revoltam os "Sansões" da sociedade que dão seu sangue para suportarem uma carga tributária injusta e covarde, como nos apontou tão bem o mestre George Orwell em sua obra magnífica, A revolução dos bichos. Já naquela época,  na Inglaterra,  da década de 50, o sistema político era o mesmo que se apresenta agora.Cabe ainda aqui a pergunta: como uma pessoa pode afirmar que alguém não sabe votar? Como dizer que o ato apolítico é insano? Ora, vamos desconfiar mais e nos superestimar menos, quem sabe adotando uma postura de autoanálise estas pessoas possam descobrir as suas próprias limitações e defeitos e parem de acusar seus pares usando mais o bom-senso, a inteligência e a perspicácia,não se esquecendo  de que isto também, antes de ser político revela inteligência.

*desenho acima retirado do Google Image.