sábado, 11 de agosto de 2012

Amanhã é o seu dia...



Que dia importante é o de amanhã, sobretudo para aqueles que como eu,  puderam ou podem contar com a presença paterna em suas vidas, e que essa bênção possa ser reconhecida em tempo para aqueles que ainda apesar de não a terem reconhecido, ou dado o merecido valor, podem contar com ela.





Ontem, hoje e sempre te amo...






Quanto tempo já se passou e ainda parece  ontem que corria feliz pela casa e pelo quintal... Uma menininha  de sardas espalhadas pelo rosto a balançar os cabelos ao vento... A praticar travessuras, caindo de árvores, da cadeira da mesa da cozinha, dando gargalhadas e zombando de tudo, até mesmo da seriedade das pessoas adultas que viviam a dizer: "tenha mais compostura, menina!"
Mas de nada valia, para nada disso ligava, vivia subindo pelos cajueiros, mangueiras e goiabeiras do pomar a singrar pelos troncos das árvores como se fossem mastros arrastando a companhia do irmão menor, bisbilhotando os quintais vizinhos de cima do posto mais alto do nosso navio como imaginava a fértil inocência infantil...
Foi naquela época que aprendi a te amar, pela sua compreensão, amizade e carinho sem igual. Conforme o tempo passa, não nos é possível lembrar de tudo o que já aconteceu em nossas vidas, mas o cérebro fixa as coisas mais significantes e de quando em quando ocorrem lampejos de algumas passagens menos importantes, embora não menos relevantes que compuseram nossa estrada. Como aquela que agora me vem à cabeça, da sala de espelhos em que fomos juntos, não me lembra bem se era um circo ou uma pequena amostra, uma vez que morávamos em uma cidadezinha do interior, naquela época insignificante e quase sem recursos. Para mim, uma diversão sem igual, enquanto nos mirávamos naqueles espelhos que produziam as mais variadas imagens, extremamente finas, ou que alongavam exageradamente as silhuetas quando não as deixavam enormes e até assustadoras... Você sempre ao meu lado como um menino a rir sem parar tentando me fazer feliz sempre, a qualquer custo. Outras vezes, lembro-me dos presentes que desastradamente querias me esconder sem, no entanto conseguir seu intento, derrubando-os no silêncio da noite, acabando com a surpresa tão pretendida!
Não sei quantas vezes compartilhei contigo as fases mais importantes da minha vida: passagens tristes, alegres, festivas, românticas e catastróficas.Em todas elas você sempre foi o verdadeiro pai que apesar de ausentar-se toda a semana para trazer o tão sofrido pão, nunca deixou faltar o conforto,  sempre garantindo  o lazer dos filhos acima de tudo, o estudo tão valorizado e incentivado, a qualidade da educação apesar da humildade, a oportunidade de conhecer sempre as coisas boas da vida e sobretudo: o exemplo a falar mais forte.
Tudo isso calou fundo na alma e hoje, apesar de ver-me sozinha na estrada, pois você já seguiu a jornada mais longínqua e sem volta ao mundo espiritual, posso sentir uma solidão saudável, que me diz  que eu tive um Pai, enquanto muitos não tiveram essa felicidade,  fui amada quando tantos não conseguiram essa dádiva, tive um lar que você me proporcionou enquanto outros não puderam aproveitar desse aconchego.
E nesse seu dia, se estivesses ainda aqui, eu te cobriria de beijos de agradecimento tentando retribuir toda a qualidade do seu amor  doado sem nada cobrar, ou pedir. Ah! se estivesses ainda aqui...