quarta-feira, 12 de maio de 2010

Badaladas Crepusculares

Badaladas crepusculares




Foi quando eu passava ao lado da Praça da Sé. Passava próximo daquela arquitetura colossal, rodeada de pessoas de todos os tipos que saíam apressadas do trabalho buscando o aconchego de seus lares e outras que ali perpetuamente usam aquela região como abrigo e meio de sobrevivência sem se importarem com aquela magnitude gótica cujos sinos, naquele momento repicavam sonoramente as badaladas das dezenove horas.

Confesso que, partircularmente, o soar dos sinos sempre me tocou nas maiores profundezas de meu âmago, trazendo à minha cabeça inúmeras reflexões: e é na idade dos cinquenta anos que estes pensamentos me visitavam com mais frequência. Não que seja ligada à religião ou a ela me entregue, mas o tanger dos sinos é algo tão significativo que parece remontar e nos levar a outras existências. Esta música que repercurte nos ares, principalmente ao anoitecer nos leva a devaneios: Quantas vezes esta melodia sagrada soou? Em que momentos invadiu a alma de milhares de seres? Momentos tristes, como os funéreos, festivos como os natalinos, matrimoniais e tantos outros.

Parece-me dar o poder de vislumbrar minhas outras vidas em que acompanhava funerais ao ritmo dos sinos, ou de inúmeros Natais em que anunciavam a missa do galo, ou ainda indo a épocas mais remotas, o anúncio das vitórias nas batalhas medievais, onde acompanhavam os generais ao fazer o balanço de vivos e mortos em seus exércitos.

Enfim, dado a profundidade que significam para mim fazem com que jamais possa me ligar a rituais litúrgicos que não utilizem a plangente música dos sinos...