terça-feira, 2 de abril de 2013





Tenho agora em minhas mãos um livro maravilhoso intitulado: “Viagem ao mundo desconhecido” do autor Francisco Marins, editora Melhoramentos. Um hard cover que traz na primeira capa as ilustrações de uma caravela à moda do século XVI, acompanhada por outras que a seguem pelo mar afora e se aproximam dum estreito entre duas montanhas rochosas em pleno oceano, onde pinguins se apoiam sobre um pequeno bloco de gelo, enquanto as aves marinhas voam cortando os ares próximo às embarcações.
Abrindo o livro na sua página de guarda, vejo uma anotação com letra infantil datada de 20-12-1963 que diz: “Uma recordação da Mesbla S.A que ficará guardada ternamente em meu coração”
Ganhei esse livro quando tinha então 13 anos dessa firma maravilhosa onde meu pai trabalhava de vendedor (viajante) e que em todo o Natal fazia a gentileza de presentear os filhos de funcionários com um mimo. Pena que a empresa  não sobreviveu aos tempos modernos e hoje, já não existe mais... 
Porém, este não é um presente qualquer que ganhei, é um tesouro precioso,  uma obra muito importante para aqueles que querem saber mais sobre a sofrida viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.











(O mérito nem sempre é dado a quem merece)






(imagem retirada do Google Image: históriabatecabeca.wordpress.com)






Viagem ao mundo desconhecido – Parte I



Francisco Marins, autor deste romance e também do livro que comentei em textos anteriores, escreve romances de aventuras com embasamento histórico. Nascido em 23-11-1922 no início do movimento Modernista brasileiro, em Pratânia, SP, foi membro da Academia Paulista  de Letras, eleito em 1965, e,  certamente ocupou sua cadeira condigna e merecidamente, ao contrário dos nossos dias onde essas cátedras são preenchidas mais por populismo e política.
Quando ele narra episódios como este, mescla a aventura à ficção e ao mesmo tempo não abandona a veracidade dos fatos de cunho histórico do nosso Brasil. Neste caso, pesquisou numa vasta bibliografia para a narrativa de uma série intitulada “Taquara-Póca” onde o personagem do professor Justino vai narrando os acontecimentos motivantes aos seus aluninhos da fazenda, as crianças Dudu, Tico, Pintadinha, Zequinha, Butoca e até a outros personagens mais velhos como o ex-escravo, nho Tibúrcio, que participa fazendo perguntas e ouvindo atento a cada episódio contado.
Este livro conta a fantástica e sofrida viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães, numa época em que os desafios precisavam ser feitos para provar ao mundo que as novas teorias de navegação estavam corretas. O destaque da Escola de Sagres em Portugal nessa época foi uma realidade.
A viagem de Magalhães se iniciou no século XVI, em 1519 e terminou apenas em 1522. Foram três anos de luta das naus contra os mares inóspitos e revoltos na tentativa de se descobrir um novo caminho para as Índias, o objeto de sonho da sociedade europeia pelas riquezas de sua economia, as adoradas especiarias; condimentos como açafrão, canela, pimenta do reino, noz-moscada que traziam sabor aos alimentos além de serem matérias-primas para remédios; tecidos maravilhosos como a seda, pedras preciosas além de outros. Encontrando-se esse caminho haveria possibilidade de também trazer produtos do sudeste asiático e da África.
Tal caminho já havia sido descoberto anteriormente em 1498 por Vasco da Gama, mas não agradara por ser demais perigoso. O mérito dessa nova tentativa estava no fato de provar, conforme afirmavam os sábios, que a Terra era redonda, descobrindo o caminho navegando em círculo, partindo de um ponto e retornando ao ponto de partida.
Para tanto, Magalhães precisa de um patrocínio para que possa realizar sua viagem, assim, procura o então rei de Portugal, Dom Manuel I, “O Venturoso”, como era conhecido, aquele mesmo monarca da época do descobrimento do Brasil em 1500.
Na verdade, essa viagem seria a continuação da mal sucedida viagem de Cristóvão Colombo em 1492, que não logrou êxito em alcançar as Índias navegando pelo ocidente e desta forma não provando que a Terra era redonda, realmente.
Entretanto, Magalhães não contou com o apoio do rei e dos sábios, era um homem simples, não obteve o financiamento para realizar seu grande sonho...


3 comentários:

  1. Lembrei-me deste livro perfeitamente...Como fosse hoje, sobre a mesa da cozinha;tempo bom. Quanto à Mesbla, derivou de uma empresa francesa, falindo aqui em 1.999. Agora seus direitos foram comprados e seu nome surgirá numa loja virtual. Falando ainda de bons tempos, gostaria de perguntar a todos: Como se pode distingui-los, esses tempos generosos? É facil. Tome-se uma cidade qualquer como exemplo, digamos, São Paulo. Observe-se sua fundação. Uma linda praça, a tradicional igreja, tudo rodeado de belas moradias, bem construídas. Os anos passam, as gerações se substituem...A cidade cresce. Numa visão aérea, deixando o núcleo, as construções vão baixando o nível. Casas cada vez mais pobres circundam o que foi um bom início. Vão piorando as obras, o valor material e moral; tudo denunciando a pobreza, até que se pode ver nas grandes periferias residências nauseabundas.Então se muda o nome, de "favela" para "comunidade; soa mais bonito. É como denominar a "febre amarela" como "dengue". Dá a impressão de que não foi uma velha mazela que retornou pelo descaso. Cada onda de crescimento numa cidade corresponde ao governo da época. Quando nos detemos sobre a periferia de hoje, podemos claramente saber o tipo de política exercitada sobre as massas. Na propaganda a coisa nunca esteve tão boa, tão "transparente". Mas transparente mesmo é a deterioração humana e habitacional do grande "milagre do crescimento". Analisem vossas cidades, desde a fundação até a atual periferia, comparem tudo numa visão temporal do exercício político... E vejam bem o magnífico futuro que nos espera.

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  2. Muito obrigada anônimo pela sua magnífica reflexão. Atualmente, não sei se por falta de espírito crítico ou de vivência mesmo, as pessoas não refletem mais sobre os assuntos normais do dia a dia.Só existem preocupações quanto ao próximo campeonato de futebol, o próximo capítulo da irrelevante novela das 9, o que aconteceu na podre casa de vidro que abriga seres desprezíveis e inúteis ou ainda sobre o novo aparelho lançado, seja tablet, celular ou i-futilidades. Essa nova mentalidade que é tábula rasa nas pessoas hoje, aliada aos facebooks da vida, faz com que o social fictício figure como a mais completa solidão e individualismo onde na verdade se esconde a ausência de organização social, a única força capaz de efetuar alguma mudança nesse quadro mórbido da sociedade cuja pobreza não é apenas econômica e sim espiritual, intelectual e ideológica...Abraços.

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  3. Desculpe, quero fazer uma correção no meu comentário acima. Eu disse que as pessoas não refletem mais sobre os assuntos normais do dia a dia e deveria dizer: não refletem mais sobre os assuntos que deveriam ser normais do dia a dia como esse que você citou sobre a deterioração moral e econômica do ser humano moderno e outros assuntos relevantes para o nosso progresso...

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