terça-feira, 7 de setembro de 2010

A independência do Brasil

Hesitei muito em escrever no blog no dia de hoje, pois pretendia escrever algo mais "light" (perdoem-me o empréstimo da palavra num dia tão nacional como hoje) porém, ao invés de divagar e filosofar, resolvi desenvolver um texto sobre esta data cívica tão importante para o nosso país.










Somos Independentes?

Queridos amigos, no dia de hoje comemoramos mais um ano de independência da nação portuguesa.Com isso já se vão desde 07 de setembro de 1822, conforme ilustra a pintura de Pedro Américo àcima, cento e oitenta e oito anos, quase dois séculos...
É dever de todo o cidadão que nasce neste solo brasileiro, não apenas conhecer esta data, mas sobretudo ter consciência política do que significa ter independência: em toda a essência do termo é ter autonomia, não depender de outrem, ter livre arbítrio, ter asas e poder voar...
Entretanto, neste aspecto se formos bons observadores e críticos veremos que essa liberdade é restrita, limitada. Não podemos deixar de perceber que no contexto atual, não temos tido até o presente momento, mesmo nos dizendo independentes, essa autonomia política, econômica e cultural que alguns mundos privilegiados possuem.No cenário mundial, podemos contar nos dedos de apenas uma mão quem são essas nações.
As razões disto residem na nossa pouca vontade de sermos nós mesmos, de não procurarmos conhecer, amar e cultuar o que é nosso, valorizando modismos e costumes de fora.Poderíamos ser mais livres se fôssemos mais estudiosos e menos ambiciosos, mais altruístas e menos egoístas e se não cedêssemos facilmente às pressões constantes dos países ditos desenvolvidos que praticamente nos obrigam a assimilar sua cultura e seus costumes.A própria língua nacional se vê a cada segundo agredida e relegada a segundo plano quando é bombardeada por vocábulos invasores que se apossam de um perigoso lugar no nosso vernáculo.
Infelizmente comprovamos que nosssos veículos de comunicação de massa tanto têm contribuído para esta dilapidação e minimização da nossa liberdade, abrindo espaços para que outros povos se apropriem do que é nosso.
Temos um folclore riquíssimo, entretanto uma grande parcela da população o desconhece quando não o menospreza em detrimento de outras culturas, não lhe dando assim a merecida atenção.
Prezados cidadãos, ser nacionalista não significa apenas comemorar datas cívicas! Amar a Pátria não é apenas saber entoar os hinos em dia de festa (embora isto seja muito importante)e sim conhecer  cada vez mais os aspectos de nossas raízes de maneira integral e não apenas um dos aspectos deste Brasil, nosso berço enorme!
Ensinar a nossos filhos, a nossos discípulos e àqueles menos privilegiados que não têm, ou não tiveram condições de se instruir.
Estudar o nosso folclore, entendê-lo e preservá-lo na sua íntegra, sem substituí-lo por outros, é com certeza o passo decisivo para que possamos ter a tão sonhada  liberdade do nosso país, que mesmo após dois séculos de independência apresenta-se ainda como colônia, sem autonomia para decidir seu destino em todos os setores da vida pública.
Pensemos a respeito no dia de hoje! 

5 comentários:

  1. Olá Cristina,
    Não sabia que era o vosso dia da independência. Se bem que realmente, hoje em dia, a independência dos países é muito relativa. Aqui em Portugal acontece o mesmo. Nós pertencemos à comunidade europeia, o que por um lado é muito bom, porque nos proporciona receber subsídios e ajudas para o desenvolvimento do país, mas por outro lado coloca-nos muito na dependência do que se resolve lá fora, no coração da Europa. É quase como se em vez de haverem vários países, cada qual com a sua autonomia, agora existisse só um, um grande país único. Muitas pessoas dizem que é o ideal, talvez seja, mas não é nada bonito.
    Tenho ouvido nas noticias sobre as vossas eleições. Os nossos politicos também são exactamente iguais. Discursam lindamente, prometem mundos e fundos, mas quando atingem o poder são atacados de amnésia total. Mas a verdade é que a situação é tão péssima, a economia está tão em crise, o desemprego e a pobreza são tantos, que me admira como é que ainda há pessoas que se queiram arriscar e tentar liderar toda esta grande confusão em que estamos.
    Eu vivo não numa cidade, mas numa aldeia. Vivo perto de Sintra, numa aldeia que se chama Negrais e é muito famosa pelo "leitão assado à moda de Negrais", que é uma delicia divinal.
    É natural que os meus primos estejam em São Paulo, porque o meu tio, pai deles, morava em São Paulo. Não sei o nome da rua, nem do local ao certo. Sei que a minha tia vivia na rua Martin Francisco, mas eles não viviam juntos. Não se incomode Cristina. Mas obrigada na mesma. Não tendo nenhum dado, é quase impossível chegar a eles.
    Carrinha quer dizer autocarro da escola. Também há outras carrinhas que transportam bens e mercadorias. Qaundo as carrinhas são grandes, chamam-se por cá, autocarros. Autocarros quando é para o transporte de pessoas, camiões quando é para o transporte de mercadorias. Nós estamos muito familiarizados com os vossos termos, por causa das telenovelas, que eu adoro! Agora estou a ver uma da rede Record, que se chama "Poder paralelo".
    Beijinhos,
    Glória

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  2. Olá Cristina,
    E sabe que ser dona de casa, foi sempre o meu sonho? Quando andava na escola e as outras meninas faziam planos para estudos e cursos, eu pensava que só queria casar, ter filhos, ter a minha casinha. Mas são coisas que não se podiam confessar ás colegas, senão era logo rotulada de antiquada, ultrapassada e por aí fora. Mas foi o que sempre quis ser. Estudei até acabar o liceu, aqui é até ao 12º ano, casei, arranjei emprego e pronto. Quando nasceu a minha filha mais nova, vim de vez para casa, até hoje, já lá vão 12 anos. Claro que entre umas e outras coisas, houveram umas pequenas complicações, mas enfim!
    Sobre os meus primos, o nome de um deles é Jorge Manuel Lobo de Sousa, a rapariga é Luísa lobo de Sousa, ou era, porque agora já deve ter casado. O meu primo tem a minha idade, 43, ela deve ter agora uns trinta e poucos anos. É muito bom realmente encontrarmos pessoas queridas e familiares. Eu venho de uma família muito grande, tanto de parte de pai, como de mãe, mas todos se deram sempre mal e gastaram a vida em zangas e ressentimentos. Agora estão quase todos mortos, e nós, os filhos deles, vamos-nos tentando entender.
    Morar numa aldeia é bom, embora se sinta muito a falta de transportes, comércio variado, não há muitos sítios para passear, só mesmo os campos. A juventude principalmente ressente-se um bocado com este isolamento, mas sem dúvida que tem um lado muito bom. O sossego é maior, e a segurança também. Todas as pessoas se conhecem e se guardam umas ás outras (o que por vezes consegue ser muito aborrecido). As pessoas são mesmo mais hospitaleiras do que as das cidades, porque são mais inocentes e sinceras, mais descansadas e tranquilas. Eu só vivo aqui há vinte anos. Antes disso morava em Lisboa. E antes de morar em Lisboa, estava na minha terra, Moçambique. Vim para Portugal com 10 anos, quando se deu a independência das ex-colónias e tivemos que fugir todos para não morrer. Saudades a sério tenho é da minha terra, do calor e do sol, mas são águas passadas, como se costuma dizer.
    Nunca estive no Brasil. Do Brasil só conheço o que os meus tios contavam nas cartas, o que se vê nas telenovelas e pouco mais. Agora estamos a receber cá em Portugal muitos emigrantes brasileiros. Até aqui na minha pequenina aldeia. Eles ficam por aqui por causa do trabalho nas pedreiras, e nos restaurantes de leitão. São pessoas muito animadas e divertidas. Sempre a fazer festas nos quintais, sempre a celebrar a vida. Trouxeram muita animação à nossa pasmaceira, e a nossa escola que estava quase vazia encheu-se de crianças.
    Caminhoneiro (ou camionista, como dizemos por cá), deve ser uma profissão bem divertida. Viajam por todo o lado e nunca se aborrecem. E também ficam a conhecer bastantes sitios e pessoas. O meu marido é pintor de construção civil, trabalha numa firma de construção em Lisboa. Por isso, e porque estamos longe de Lisboa, levanta-se todos os dias ás 5 da manhã para apanhar o primeiro autocarro e só volta á noite. É duro e o ordenado é pequeno, mas o emprego é fixo e o pagamento nunca falha ao fim do mês. Numa altura de crise como esta, já é muito bom! E ele é um óptimo pintor. Toda a gente elogia o trabalho dele.
    Também quase nunca viajo para lado nenhum. S´de vez em quando vamos visitar a minha irmã mais nova que mora no Norte, em Vila real, muito, muito longe daqui.
    Fico por aqui. Até à próxima.
    Adeus e beijinhos
    Glória

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  3. Olá Cristina,
    Também acho. Deixemos as tristezas para lá. Até porque quanto mais se pensa nelas, mais nos lembramos. E as coisas boas são sempre melhores de lembrar e enchem a nossa vida de esperança.
    Eu gosto dos imigrantes. Não só dos brasileiros, como dos imigrantes dos países de leste, outros que ainda chegam de África, etc. Acho que em principio, só pessoas de bem e com vontade de trabalhar, largam o seu país para melhorar de vida. Por isso, à partida, para mim, todos eles são pessoas de valor e muito corajosas. O meu marido já pensa de forma um pouco diferente, e também pensa, como a Cristina, que eles mudam os nossos hábitos, alteram a nossa linguagem, não querem saber dos nossos costumes. Mas sabe o que eu penso? Penso que só as coisas que não valem a pena manterem-se são mudadas. Se uma língua, um hábito ou uma tradição, forem na verdade coisas boas e apreciadas por todos, não mudam completamente. Talvez se misturem e se renovem, mas isso é bom, não é?
    No quintal da minha casa, temos uma mini plantação de uvas. São muito, muito poucas, mas ainda enchem uns 4 ou 5 alguidares médios, na altura das vindimas, agora em Setembro. Também temos uma oliveira. Olivas são azeitonas, não são? Ainda temos várias outras árvores que o meu marido planta, sempre que pode. Eu farto-me de rir, porque o nosso quintal é muito pequenino, e qualquer dia não conseguimos andar, com tanta árvore por todo o lado.
    Eu tenho 3 filhos. O Ricardo, de 23 anos, que já não vive connosco (é uma das histórias tristes que não gosto de lembrar muito, um dia conto-lhe); o Luìs, de 15 anos, que é o nosso artista, toca guitarra e piano, e faz desenhos espectaculares e a mais nova, a Fátima, com 12 anos. A Fátima é um doce de menina, linda como os anjos, terna e meiga, enche os meus dias de amor e de desespero. Tem autismo e outros problemas neurológicos, mas tem sido um sol na minha vida.
    Nunca ouvi falar de pizza de cone,mas deve ser uma delicia. Eu adoro pizza! Ainda hoje foi o nosso almoço. Por cá só temos as pizzas tradicionais, redondas e com vários sabores. Vai ver que a pizzaria do seu filho vai ser um sucesso! Ao principio é sempre mais complicado, mas depois os clientes começam a aparecer e a voltar e tudo se compõe. Muita sorte para ele.
    A sua filha é bailarina clássica ou de danças modernas? Na escola de música aonde o meu filho anda, também têm aulas de dança. Começaram este ano e estão a ter muita procura.
    O trabalho das pinturas é mesmo duro e cansativo, mas também é compensador. Eu acho que é, porque a gente vai pintando e vai vendo logo o resultado do nosso trabalho a surgir. Com outros trabalhos tem que se esperar pelo final antes de ver algum efeito. O meu marido diz que só pinta, porque nunca aprendeu a fazer mais nada, mas eu sei que ele tem gosto no que faz.
    Quando andava no último ano do liceu, tinha história da literatura portuguesa, inglês, e francês. Quase tudo o que a Cristina ensinava. Era professora numa escola de crescidos, ou de mais pequenos? E porque é que se aposentou tão nova? Cá em Portugal, as pessoas só se podem reformar com 60, 65 anos, depende do tempo que tiverem de trabalho e dos descontos que tiverem feito até la. Mas poder ir para a reforma bem antes, é óptimo. Fica com mais tempo para se dedicar a esses seus outros afazeres, e professora deve ser uma profissão bem dura e por vezes ingrata.
    Eu trabalhei num museu, como guarda e recepcionista, depois concorri para um emprego melhor como administrativa num organismo do estado e depois, vim para casa. As minhas colegas pensaram que eu tinha enlouquecido e que me ia arrepender, mas a vida depois veio a convencer-me cada vez mais que fiz o mais certo.
    É mesmo muito bom que nos tenhamos encontrado.
    Beijinhos e até à próxima,
    Glória

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  4. Olá, boa tarda Cristina
    “as pessoas se guardam umas às outras”, quer mais ou menos dizer que as pessoas tomam conta umas das outras. Quando se vê alguém desconhecido a rondar a casa de alguém, os vizinhos prestam atençao, quando se vê alguma criança sozinha na rua as pessoas perguntam logo pela mãe, são coisas boas. (Só que também há pessoas coscuvilheiras e intrometidas que gostam de meter o nariz na vida dos outros, em nome da boa vizinhança)
    Já tenho visto um pouco das festas juninas na televisão. Em algumas novelas entram essas festas e são muito divertidas! Pois, ás vezes as tradições acabam e quem se lembra delas fica triste. Aqui, onde moro, as pessoas lutam bastante para manter as tradicionais festas de Verão, com procissão, banda filarmónica, quermese, os bailaricos populares, as crianças no "dia do pão por Deus" pedindo doces de porta em porta! Mas no fim, eu acho que sempre se vai perdendo alguma coisa, porque para quem vem de fora, estes hábitos não dizem nada e também não é justo que eles tenham que participar.
    O meu quintal é de facto agradável. temos as tais árvores que o meu marido planta apaixonadamente: 2 nespereiras, 1 pessegueiro, 1 pinheiro, 1 limoeiro, 1 nogueira, 1 amendoeira, outra qualquer que nem sei o nome porque ainda é muito nova, duas que só dão flores, 1 palmeira a crescer, enfim... Depois temos também, como a Cristina, vasos com flores à volta da casa. Mas o quintal é realmente pequeno, não passa de uns metros de terreno a rodear a casa. Aqui, onde estamos, todas as casas têm quintal e terrenos à volta. As pessoas fazem criação de galinhas, coelhos, têm hortas e agriculturas variadas. É uma das coisas boas de morar no campo.
    Muitos portugueses da Ilha da Madeira emigraram para o Brasil, aliás como de todo o Portugal. A minha mãe costumava contar que ainda antes dos meus tios irem para aí, quem ia para o Brasil, dava-se muito bem. Que era uma terra cheia de oportunidades para quem quisesse trabalhar.
    Já continuo a escrever. Tenho que ir ver a minha filha. Até já

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  5. Olá outra vez, desde há bocado
    Já cá estou de novo. Quanto ao problema da Fátima, o autismo, ninguém sabe muito bem como aparece e porquê. Também não há nenhum tratamento eficaz ou medicação própria. Os remédios que ela toma, dois antipsicóticos e um antidepressivo, não tratam o autismo, mas sim os efeitos dele. Ela é seguida numa pedopsiquiatra, mas já percorremos um longo caminho de médicos, terapias, análises e exames. Temos que ter paciência e fé, dias melhores virão.
    Mas a sua filha é então uma artista a sério! Que bom! Deve ter muito orgulho nela. A dança é uma coisa tão linda!
    Aquiem Portugal, os alunos tábem já pouco reprovam. Vão sempre passando de ano, mesmo sem saberem nada. Sóem casos muito raros, eles reprovam de ano. Quando chegam ao fim do ensino secundário, muitos deles mal sabem escrever, gaguejam ao ler, as constas só as sabem fazer na calculadora. São coisas que me fazem confusão, mas como o meu filho diz: quem precisa de saber a tabuada, se pode ir à calculadora? Quem precisa de escrever como deve ser, se o corrector do computador corrige? E o pior é que realmente é mesmo assim.
    Não se importe em escrever muito, eu gosto muito de ler. Agora tenho mesmo que ir. Está na hora do jantar. Beijinhos e bom resto de fim de semana.
    Glória

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