terça-feira, 22 de outubro de 2019

Estive em Ouro Preto e Mariana há dois ou três anos, nas férias de junho. Minas é um lugar apaixonante, diga-se de passagem. As paisagens naturais, o caráter histórico das cidades nos fazem voltar no tempo, numa imersão ao passado, uma coisa impressionante. Com tanta beleza natural, não se pode entender como tragédias que acontecem e ainda acontecerão por lá, podem ser permitidas... O texto de hoje vai relembrar momentos tristes vividos pelo povo mineiro.



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A cidade de Mariana fica próximo a Ouro Preto em Minas Gerais. Em novembro de 2015, uma tragédia inesperada e inaceitável levou 19 vidas. Quase quatro anos depois, em 25 de janeiro de 2019, outro triste evento do mesmo tipo na cidade de Brumadinho, causou a morte de centenas de pessoas.
Tanto a Samarco, responsável pelo primeira ocorrência,  quanto a Vale do Rio Doce são mineradoras poderosas financeira e politicamente, sendo que a última explora 70% dos minérios como ferro, do Brasil. O questionamento que se faz, primeiramente é de ordem existencial e ecológica: por qual razão o homem vem exagerando na extração de recursos da terra; uma loucura e avidez por status e poder dominou o cérebro humano e quanto maior a empresa, mais insaciável é o seu desejo de obter mais e mais lucro. Os próprios políticos não têm mais autonomia e dependentes de outros mercados afirmam diariamente a necessidade de crescimento do país, e nessa roda-viva, nesse afã de correr em busca de poder, não há mais tempo nem vontade de reflexão, de análise de ações, quais as consequências que essas atitudes acarretarão a longo e médio prazo para o planeta e para a natureza. 
A vida humana não é mais cuidada, sua segurança parece ser de pouca importância, uma vez que não houve precaução ou prevenção desses acidentes como forma de evitá-los. Os pobres trabalhadores do entorno que diariamente ofereciam seu trabalho foram simplesmente engolidos por uma cachoeira de lama, suas residências soterradas, a vida dos sobreviventes destruída pela tristeza de perder parentes e amigos que nunca mais voltarão, além de se verem privados de seus recursos hídricos, em sua grande parte poluídos pelos rejeitos de minério... 
Atualmente, todos se esqueceram, pois a dor só não passa para quem sente na pele, e viveu toda aquela catástrofe. As responsáveis tentaram, como sempre, comprar as vítimas sobreviventes, oferecendo dinheiro e benefícios, entretanto, jamais poderão repor as vidas que se foram... A mídia cumpriu seu papel de forma pouco eficiente, pois deteve-se a mostrar sensacionalisticamente, entrevistas antiéticas, com pessoas que perderam familiares, interrogando-as em momentos inoportunos e pouco agradáveis, buscando apenas elevar sua audiência aos níveis mais altos. Em nenhum momento, cobrou das mineradoras, entrevistas que esclarecessem seu descaso em prevenção, ausência que gerou o triste episódio.
A sordidez é tal, que hoje, em muitos canais de televisão há como que um comercial favorável à mineradora Vale, o qual exibe uma lista de benefícios que a empresa vem fazendo para reparar seu dano, que diga-se de passagem, é irreparável. Sabemos que a mídia só se importa com sua posição no ibope e por esse motivo, já nem se lembrará mais de entrevistar qualquer um dos sobreviventes da tragédia para saber como está subvivendo sem seus parentes próximos, sem a pureza de sua água, sem seus bens adquiridos com tanto esforço...
E assim vamos assistindo no Brasil, do palco da destruição, a subida vertiginosa de empoderados, aqueles que vivem da miséria alheia, explorando a natureza sem respeito algum, outros que produzem informação de má qualidade que favorecem e dão voz apenas a quem detém o poder. O estado de Minas e outros tantos que conservam represas, que se cuidem, porque não há garantia alguma de que outras calamidades como essas não voltem a acontecer. 
Se podemos apontar alguma solução é no sentido de cobrar dos nossos candidatos eleitos pelo voto direto, uma atitude mais séria e sensata que valorize a vida humana e a ética no trato do meio ambiente. Quanto à mídia massiva e podre, podemos resolver de forma muito mais simples: privando-lhe a audiência, em sinal de consideração àqueles que foram aviltados e privados do seu bem mais precioso: a convivência diária com seus entes queridos. 


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