sábado, 27 de novembro de 2010

Neste Natal...

Amigos, mais um ano que agoniza. Já estamos vislumbrando as cortinas de dezembro, o último mês do ano e só agora é que me dei conta de que o Natal se aproxima. Em meio a esta loucura em que vivemos, nunca me sobra tempo para com calma fazer os preparativos para data tão significativa. Antes, trabalhava e lecionava até as vésperas da última  comemoração do ano, décimo-terceiro quase que no dia natalino, sem deixar chance para nada, pois sem dinheiro nada se faz. Além do mais, notas para fechar, diários de classe por encerrar, conselho de classe e tantas coisas que a árvore de Natal era sempre feita às pressas da mesma forma que toda a preparação para a festa.
Mas hoje... Aposentada, continua tudo como dantes, a correria, afazeres domésticos, ajuda aos filhos e neta substituíram as aulas e ocupam quase que todo o meu tempo de modo que "hoje" é que armei a minha árvore de Natal. Fi-lo com calma, com gosto, abandonando para isto vários afazeres.
Não sei se esta falta de tempo que temos hoje é o mal do século, ou se acontece apenas comigo, acredito sinceramente na primeira opção. Escravos do relógio é o que somos e seremos sempre. Pelo menos aqueles que têm a responsabilidade de administrar um lar e que não contam com ajudantes como  no meu caso.
A princípio, comecei a montar a árvore sem nada pensar, separei o cachepô, o pinheiro artificial, os ornamentos, as luzes e iniciei minha tarefa...





Quando fixei a árvore natalina no cachepô e amparei-a com pedras, pelúcias e pinhões já estava muito distante. Atravessei o momento presente como se tivesse entrado em uma máquina do tempo e me encontrei na velocidade da luz em outros natais.
Naqueles dias de festas para mim grandiosas, iluminadas, que cheiravam novidades e surpresas inesquecíveis: a espera do Papai-Noel, sempre tão querido e aguardado, os sapatos próximos à janela à espera do bom velhinho que nunca faltava. 
As crianças alvoroçadas em gritaria pela sala, as mães e avós nervosos com toda aquela excitação infantil. A grande árvore armada no centro da sala simples era o motivo de atração para todos. O cheiro dos quitutes invadindo o ar, as músicas tocadas na rádio-vitrola, personagem insubstituível da época, ao som da harpa de Luís Bordon,tudo contribuía para a magia da noite de Natal.
Que festas maravilhosas eram aquelas! Construídas com o entusiasmo e alegria da infância eram mágicas e inigualáveis!
Naqueles tempos, meu querido Papai- Noel, na minha pureza de criança, não conseguia avaliar o sacrifício que fazias para me dar um presente...Também não sabia quem eras na realidade!Desconhecia que para me dar felicidade muitas horas extras se fizeram necessárias e muitas horas de sono e descanso foram ali empenhadas.
Hoje, sei que meu Papai-Noel sonhou muito com um Natal melhor sem muitas vezes conseguir, sonhou com um presente muito mais caro que nunca conseguiu comprar, desejou-me muita saúde que durante longo tempo não chegou para deixá-lo feliz...
Sei das renúncias que fez a sua própria felicidade e bem-estar para poder me agradar. Sei também dos fracassos profissionais que tanto pesaram em sua personalidade delicada e humilde, como me lembro também da sua torcida por dias melhores, por sucesso em seu trabalho,que da mesma forma não aconteceram.
 Lembro-me,Papai-Noel, dos seus cálculos intermináveis para administrar seu parco salário para que pudesse nos dar um Natal feliz! Ah, se eu tivesse esta consciência naqueles dias de festa! Se soubesse do seu sacrifício,renunciaria a todos os presentes que te pedi para poupar o teu esforço. E no entanto,tudo o que precisava para ser feliz era a tua meiga presença que me dava tanto amor!
Neste Natal, como sinto a sua falta meu querido Papai-Noel! Não para te pedir um presente, mas apenas para sentir tua presença, conversar um pouco contigo, para que afagasse meus cabelos e te sentasses um pouco a meu lado como sempre costumavas fazer...
Neste Natal, sei que um pedido simples como este não pode ser satisfeito,ouvir tua voz é um sonho impossível , até mesmo lembrar do teu rosto torna-se difícil, ele se dissipou no tempo...Para toda a minha tristeza mal consigo me lembrar com precisão do seu sorriso sincero...
Enquanto colocava os ornamentos na árvore de Natal, sua presença se tornou tão forte... Aquelas bolas artesanais que vendias ainda remanescem comigo e estão a enfeitar a minha árvore hoje! Lembrei-me de que elas ficaram como forma de pagamento pelas comissões das vendas que não recebestes...
Cada ornamento natalino compunha em minha cabeça uma história da nossa vida.
Quantos sonhos sonhamos no decorrer de uma existência, sonhos bem sonhados e quase nunca realizados, desejos desejados e não conseguidos, vontades pretendidas e não alcançadas...
E apesar de todas as contradições continuamos a sonhar, com melhores Natais para nossos filhos, parentes e amigos. Ainda bem que ainda conseguimos sonhar! Felizes aqueles que sonham e idealizam um futuro melhor.
Neste Natal,vou continuar a desejar a todos um milhão de felicidades como sempre fez o meu querido Papai-Noel!