quarta-feira, 22 de março de 2023

Até quando é preciso repetir a nota dó no piano?

 Parece brincadeira, entretanto mais um ano se passou  e estamos aqui a falar sobre o mesmo assunto de sempre...O dia mundial da água potável.




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Dizem que quando tocamos a mesma nota musical em um instrumento, ele desafina. Pode não ser verdade, mas isso chateia e é sinal de que não estamos sabendo usá-lo devidamente.

Em plena era do desenvolvimento tecnonólogico, evolução da comunicação ao ponto de domínio de informações sofisticadas, conhecimento da vida em outros planetas e satélites, nos esbarramos com o básico do básico: o ser humano não sabe cuidar do seu planeta, não preserva, destrói, polui, macula o seu próprio habitat. Diferentemente das outras espécies, torna-se nesse aspecto um ser irracional, que agride seu meio ambiente e em especial uma coisa sagrada, o princípio da vida e sobrevivência: a água.

Sabemos que o dia 22 de março foi estabelecido pela ONU como dia mundial dedicado ao líquido precioso, milagroso que, infelizmente, está se acabando não diria aos poucos, contudo, sistematicamente. Temos recursos aquíferos inigualáveis a muitas partes do mundo, cuja escassez tem levado ao caos e ceifado muitas vidas, porém essas campanhas de conscientização  não estão sendo o bastante para mobilizar, convencer as pessoas de que devem cuidar de suas águas sob a pena de perderem suas vidas, uma vez que não há condições vitais sem elas.

O que cansamos de ver em nossa caminhada diária, nas grandes e pequenas cidades, são cidadãos cuja denominação não condiz com a atitude, atirando papéis, embalagens plásticas, entre outros detritos pelas calçadas, ruas, rios, mares. Como uma verdadeira máquina de lançar lixo, cuja eficiência é de difícil combate, têm causado um dano irreversível às reservas hídricas, uma vez que entopem bueiros causando enchentes, poluem rios, mares, matando os animais em seu ecossistema sem escrúpulo ou remorso algum.

Mas e como fica a Educação nas escolas e no lar destas pessoas? Na verdade, inexistem, são ineficientes didaticamente e uma prova disso está estampada nas atitudes apresentadas e citadas acima. Não há mais a seriedade necessária que imprima uma marca de caráter ética e consciência social com raríssimas exceções.  E o melhor exemplo vem das atitudes, que servem modelo à sociedade em geral. Lembro-me de ver minha mãe guardando pequenas embalagens em saquinhos em sua bolsa para que não maculassem os passeios e ruas da cidade. Atualmente, se vamos a um simples cinema, vemos o lixo acumulado e fora das lixeiras que há para esse fim, se estamos em uma praia, temos que conviver com a sujeira e detritos por toda a areia e nas águas, pois não há preocupação alguma em recolhê-los e colocá-los nos locais destinados a essa finalidade, enfim, há o constante desprazer em ter que conviver com um ambiente desagradável e mal-cheiroso, por qualquer lugar aonde vamos.

É uma vergonha nacional, não há fiscalização, punição para um crime hediondo destes, que privará as gerações futuras de sobrevivência e sustentabilidade, causada pela inércia do poder público, falhas terríveis na educação e formação de caráter de seus filhos. 

Dessa maneira, vemos rios inteiros morrendo a cada dia, o que me mortifica por dentro em constatar que como um câncer, a  inconsciência e teimosia humanas levarão a todos da má qualidade de vida à própria morte e privação deste recurso tão essencial para os homens.

O que mais indigna é constatar que um rio do porte do Tietê venha sendo tratado com um desprezo sem igual, sofrendo com eutrofização visível em grande nível e o pior, nas cidades do interior paulista, porque em São Paulo ele já é submetido a depósito de entulho, esgoto, produtos empresariais, lixo doméstico de toda a sorte, situação que precisa ser cuidada com urgência. Quem observa em suas viagens e acompanha o curso deste importante rio, pode constatar esse crime ambiental impune, banalizado que parece não ser  reconhecido, pelo menos, não temos visto atitudes sérias tomadas no sentido de consertar ou deter essa mancha que vem se abatendo sobre nossos mananciais e lençóis freáticos. 

Esta semana uma balsa que transportava grãos pelo rio Tietê na cidade de Araçatuba, encalhou nesses igarapés, que nada mais são do que a própria eutrofização das águas, devido a lixo acumulado nas águas que a apodrecem e levam seu oxigênio, destruindo o biossistema, peixes e outros animais fluviais. 

O que mais será preciso? Que todo o rio seja tomado para que não tenhamos energia elétrica, aderindo às caríssimas usinas de carvão? Que não tenhamos mais peixes para alimentação? E ainda se fala em transporte fluvial, é piada? Corremos o risco de não termos sequer um copo d'água para matar nossa sede se essa pouca-vergonha e insensatez continuar...