segunda-feira, 22 de maio de 2023

É preciso ter coragem




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 Revendo excertos de uma antologia que aprecio guardar, encontrei o seguinte pensamento de Gustave Flaubert:

"Os momentos mais esplêndidos da vida não são os chamados dias de êxito, mas sim aqueles em que sentimos erguer-se dentro de nós um desafio à vida, e a promessa de futuras realizações"


Há uma profundidade contida nessas palavras como em qualquer outra criada pelos gênios da literatura e das artes. Um amarrar de conceitos e ideias cuja veracidade é obtida depois de reflexão e raciocínio. Por essa razão, devemos selecionar os textos de leitura, para que ativemos nosso cérebro a fim de encontrar uma concepção fundamental que nos acrescente lições de vida.

Muitos ao analisarem o conteúdo desse pensamento discordarão logo de início, uma vez que o adjetivo esplêndido significa magnífico, maravilhoso. Como podemos não eleger dias exitosos como espetaculares? É tudo o que sentimos quando conseguimos realizar, acertar um empreendimento. No entanto, muitas vitórias que obtemos não constroem, não acrescentam muito em nossa vida.

E ao contrário dos dias de êxito, nos realizamos ao enfrentar muitos dias de derrota, de árduo trabalho no sentido transformar situações praticamente impossíveis de resolvê-las e finalmente obter uma solução que nos alivie, nos retire da tensão e nos possibilite a transformação em outras ocasiões semelhantes. 

Em todas as profissões exercidas pelo ser humano isso ocorre: um médico ao ter êxito em cirurgias que realiza fica feliz e torna outros felizes, porém o que o faz descobrir novos caminhos e crescer em sua prática são aqueles dias em que necessita reunir forças e estudo incansável para enfrentar o desconhecido, desafiando seus conhecimentos, e mudando sua práxis.

É o raciocínio constante em um objetivo de aparência impossível, que é atingido após dias, meses e até anos de persistência e luta.

Não importa nesse caso, o sexo, se masculino ou feminino, a idade, se jovem ou ancião, ou qualquer outra convenção imposta pela sociedade. A qualquer um é outorgado o direito de desafiar, criar coisas novas, lançar-se nas redes da vida, debruçar-se sobre questões relevantes para a humanidade. Se nunca o fazemos, nossa vida será vazia, praticamente sem um ideal a perseguir. E essa atitude deve ser um moto contínuo, precisamos constantemente provocar nossa capacidade ao longo do tempo, provando que somos capazes, que é possível criar e vencer obstáculos.

A nós, de idade mais avançada, porém com uma bagagem de experiência bastante pesada, a necessidade de vencer provocações são eternas,  aparecem diariamente e se perdemos a oportunidade de lutar nesses dias difíceis, abandonando o desejo de conquistar um ideal, estaremos entregues ao fracasso que nos leva ao desânimo e até à morte.

Atualmente, vivemos em convivência com o novo, com criações inteligentes, novas linguagens diferentes de outras décadas que já vivemos. Pode ser que a população mais jovem nem entenda o mundo de ontem e ao mesmo tempo não compreenda porque é tão difícil para seus avós e parentes mais velhos lidar com algo que para eles é rotineiro.

A linguagem digital chegou e ainda está no seu primeiro estágio de desenvolvimento, criações muito mais surpreendentes aguardam aqueles que conseguirem sobreviver por mais algum tempo...

É nosso dever, e me refiro aos mais velhos, ou mais vividos, buscarem pelo conhecimento daquilo que nos é complicado, desfazendo esse paradigma, entendendo a necessidade de mergulhar naquilo que nos é obscuro e acender a luz da boa-vontade, do desejo de vencer, transpor obstáculos. Isso realmente é o que ficou expresso na mentalidade magnífica de Flaubert quando criou  sua frase famosa.