domingo, 31 de dezembro de 2023

Remar sempre, enquanto der...

 



freepick


Quem gosta de escrever ou aprecia literatura, convive com as metáforas e parábolas que ainda aparecem em alguns textos, felizmente. Eu mesma já usei muitas parábolas, em especial gosto muito do semeador no sentido de espalhar conhecimento, a semente do bem. Hoje usarei uma nova parábola ou metáfora, as duas se confundem e no fundo apresentam quase que as mesmas características. 

Foi conversando com uma antiga amiga no grupo de Whatsapp que ela surgiu. Ao indagar se eu estava bem, respondi que ia remando e que enquanto remasse tudo estava bem. 

Paro aqui para reflexões sobre a nossa grande viagem que é essa vida, a dádiva que recebemos de nossos pais e de forças superiores, inexplicáveis para mim até o momento. Se pensarmos bem já nascemos remando um pequeno barquinho  em um lago manso e tranquilo nas entranhas de nossa mãe...

 Mais tarde, na inquietude da infância, no mundo de sonhos em que estamos mergulhados, lá vamos nós novamente remando agora em uma rápida lancha a motor, movidos pela avidez de conquistarmos territórios novos a desbravar sem temor.

Surge em nossas vidas uma nova fase, a adolescência, colorida em todo o seu trajeto, coberta de flores perfumadas e maravilhosas. Tudo é magia nesse período em que tentamos pilotar um lindo e rápido iate cor -de - rosa  ao sabor do vento, que nos leva a cada hora para um lugar diferente, misterioso e desconhecido e, na tentativa de afirmação, surge o amor encantado, que nos leva a construir castelos de areia que muitas vezes são derrubados pelo vento.

Chega rapidamente a idade adulta, nos pegando de surpresa e, nos sentindo senhores de nós mesmos, elegantes e amadurecidos, donos do nosso próprio destino  conduzimos ao mar de aventuras o nosso transatlântico sofisticado em direção a um porto seguro onde possamos ancorar com segurança a nossa vida...

Mas durante a  roda viva dessas remadas, o tempo voa. Ah! feito inimigo, e sem que queiramos ou consintamos, nos arrasta para o mar de incertezas, de dúvidas sobre o nosso próprio destino, totalmente perdidos, sem uma bússola que nos informe onde chegar. As forças e o vigor da juventude ficaram para trás, agora não há como se preocupar com o corpo físico, vaidades supérfluas, ilusões incertas. Navegamos em nosso pequeno barco à vela, ao sabor do vento que nem sempre é brando e agradável, convivemos com a tormenta, perda de muitos amigos navegantes, mas a despeito de tudo, ainda conseguimos remar quando a escassez da brisa se faz presente.

Que assim seja! Enquanto remarmos, a favor ou contra o vento estaremos bem, a lançar pequenos desafios num velejar manso, porém a salvo, cortando lentamente os mares em busca de um lugar ao sol que nos proteja do frio agressivo e assustador. 

Até um dia em que deixamos de remar...