sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mestre...

Ainda não é dia de escrever, mas quem foi que disse que há um dia específico para este fim? Além  do mais visitando um blog de um amigo vi que o dia de hoje é especial, dia do professor. O meu dia! Havia até me esquecido ocupada com os afazeres diários, porém o dia 15 de outubro sempre esteve tão presente na maior parte da minha vida que agora aposentada, nada melhor do que refletir e escrever sobre ele. Desculpe a cópia, querido amigo, mas não consigo resistir ao tema. Sempre a figura de professor é vista como a de um semeador, mas não de flores, é  a semente do exemplo, do ensinamento, do esclarecimento, da luz que acaba com as trevas da ignorância e do mal. Parabéns a todos os professores, mas somente àqueles que procuram ser mestres de verdade, sem egoísmos, sem vaidade, sem reclamações. A despeito da sua condição pouco favorável e quase sempre irreconhecida do seu mérito, que o prazer de semear invada a sua vida, e lhes encha a alma de felicidade e satisfação do dever cumprido!


Alguém já disse uma vez:" Semeia, semeia mestre. No grande Cosmo, tu és semeador, tu és a presença, a pessoa. Não podes fugir à responsabilidade de semear... Não digas o solo é áspero...O sol queima...Não é tua função julgar a terra, o tempo, as coisas. Tua missão é semear."
Mais importante do que a semente a ser lançada no solo, é o exemplo que tens a dar.Sobretudo o exemplo da importância de dar amor. Hoje lanças o germe, joga-o na terra inculta e seca e todos os dias rega-a  para que ela se reproduza, cresça e dê lindas flores para enfeitar a vida e dar alegria às pessoas.
Se ela não vingar, por ter caído entre pedras, ou em ambiente árido, não te desesperes: tenha a certeza de que seu exemplo de humildade ao lançá-la sem presunção, será visto  e admirado.
Porque aquele que cultiva  amor, com amor será recompensado. Aquele que ensina a amar, por todos será amado. Aquele que age com simplicidade por todos será entendido.
Não creias que tua missão é fácil, ela é uma das mais difíceis tarefas que existem na face da terra. Por vezes terás medo de não conseguir lançar a semente, por outras, muitos obstáculos deverão ser transpostos para que possas semear.
Procure conhecer o solo em que trabalhas, sem contudo discriminar este ou aquele chão: na tua função de mestre e ao mesmo tempo aprendiz; se julgas, muitas vezes poderás errar sendo surpreendido com uma bela flor que nasce em campo  estéril e infértil. Na tua profissão de preparador de solo é teu dever cuidar dele adubando-o e regando-o até que se torne apropriado para o plantio, bem como é tua missão saber que todo o chão pode produzir diferentes tipos de flores, desde que não descuides dele.
Não demonstres preferências ou apego a determinado solo, semeia em todos eles para que obtenhas um vasto jardim florido.
Não reclames das dificuldades e das adversidades, se há muitas pedras no teu caminho, procure retirá-las com paciência e determinação; se a semente cai entre a vegetação impiedosa que tenta sufocá-la e impedir que nasça, ajuda-a para que respire e cresça, assim como é teu dever separar a boa semente da erva daninha que nunca deve ser lançada devendo ser arrancada quando necessário, se nascer entre as flores.
E nunca se esqueça:
O bom ensinamento transforma, lapida, fortalece. O bom exemplo será seguido e multiplicado. O altruísmo da tua ação salvará a Terra e todos os homens que nela vivem...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sinos

Olá, amigos! Que saudades de escrever neste cantinho tão nosso...Semana cheia de consultas médicas, uma gripe daquelas que tira de qualquer frágil mortal vontade de fazer alguma coisa.Quando a tempestade passa e vem a bonança é que valorizamos a vida! Como é bom estar bem! Não há dinheiro que pague a saúde e o bem-estar.
Mas vamos ao que interessa: se vocês já visualizaram minhas postagens mais antigas devem ter visto que tenho uma paixão incontrolável pelos sinos e o seu tanger. Para mim,sinos e sua melodia me fazem viajar através do tempo e das horas, me transportam para um mundo de paz. Hoje, estou com um exemplar de Pablo Neruda, o grande poeta chileno do qual estou a ler Campo Geral, onde ele em toda a sua prolixidade fala da natureza descrevendo em detalhes os rios, os minerais, a vegetação da América. Estou ainda no começo do livro que me foi ofertado por uma prima muito querida. No final da obra, há umas páginas em branco onde comecei a esboçar versos simples do fundo d'alma sobre quem? Eles mesmos, os sinos.É algo que parece uma fixação, coisa de outras vidas, sei lá... Já é o segundo texto em que trato do mesmo tema.No primeiro deles, cujo conteúdo em prosa vou republicar nesta edição, o tema dos sinos em Badaladas Crepusculares explica todo o mistério que os envolve e no segundo, trato deles, mas através da poesia que consegue  transmitir a melodia que eles propagam pelos ares levando-nos a meditações diversas...









Badaladas crepusculares




Foi quando eu passava ao lado da Praça da Sé. Passava próximo daquela arquitetura colossal, rodeada de pessoas de todos os tipos que saíam apressadas do trabalho buscando o aconchego de seus lares e outras que ali perpetuamente usam aquela região como abrigo e meio de sobrevivência sem se importarem com aquela magnitude gótica cujos sinos, naquele momento repicavam sonoramente as badaladas das dezenove horas.


Confesso que, partircularmente, o soar dos sinos sempre me tocou nas maiores profundezas de meu âmago, trazendo à minha cabeça inúmeras reflexões: e é na idade dos cinquenta anos que estes pensamentos me visitavam com mais frequência. Não que seja ligada à religião ou a ela me entregue, mas o tanger dos sinos é algo tão significativo que parece remontar e nos levar a outras existências. Esta música que repercurte nos ares, principalmente ao anoitecer nos leva a devaneios: Quantas vezes esta melodia sagrada soou? Em que momentos invadiu a alma de milhares de seres? Momentos tristes, como os funéreos, festivos como os natalinos, matrimoniais e tantos outros.


Parece-me dar o poder de vislumbrar minhas outras vidas em que acompanhava funerais ao ritmo dos sinos, ou de inúmeros Natais em que anunciavam a missa do galo, ou ainda indo a épocas mais remotas, o anúncio das vitórias nas batalhas medievais, onde acompanhavam os generais ao fazer o balanço de vivos e mortos em seus exércitos.


Enfim, dado a profundidade que significam para mim, fazem com que jamais possa me ligar a rituais litúrgicos que não utilizem a plangente música dos sinos...





OS SINOS


Sino,
Alegre a repicar.
Boa-nova que vai chegar!

Sino,
Nostálgico a tanger
Tristeza que vai doer...

Sino,
Barulhento a badalar
Festa que vai começar!

Sino,
Mudo, sem tocar
Nostalgia, vai passar...

Sino,
Hino estridente
Que mexe co'a alma da gente!