domingo, 11 de agosto de 2024

De onde você estiver...

 Hoje é um dia muito especial para mim, carregado de lembranças bem vividas, de recordações infinitas que me enchem de lições aprendidas com ele que, infelizmente não se encontra mais perto de mim...


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Pai, esta é a minha oração de hoje que lhe dedico nesse dia dos pais e lamento em toda essa data a sua perda, a falta da sua proximidade e cumplicidade para com a minha pessoa. Como é bom ter um pai amigo, sempre sorridente e disposto a ajudar como foi você. Quando digo que me deixaste lições de vida, ponho de lado toda a menção a bens materiais que uma criança pode receber, como conforto, brinquedos e outras tantas coisas mais desse tipo, que não fazem parte da paz espiritual, do carinho e apoio paternos, sempre presentes, que nunca me faltaram, apesar de sua profissão envolver viagens semanais para trazer o bendito pão de cada dia, recursos financeiros para manter uma boa alimentação, educação  que são valores inestimáveis, incalculáveis para o futuro de uma criança.

Sei também e te peço perdão por não ter tido a possibilidade de te oferecer tudo o que me proporcionou, com a mesma dose de carinho, intensidade e comprometimento que me ofertou. A vida é fugaz, traiçoeira e quando menos esperamos leva de nós tudo o que amamos como um pôr do sol, um temporal, um alvorecer... Tudo se acaba, compreendemos tarde demais que não deveríamos deixar nada para amanhã, para depois, para daqui a pouco...

Lembro-me de tantas vezes que ríamos juntos nos nossos encontros de Natal, até mesmo quando ouvia atenciosa as histórias lindas que me contava e que várias vezes me arrancavam lágrimas dos olhos pela emoção que havia em suas narrativas, Hoje aqui, órfã de tua presença ponho-me a indagar o porquê daqueles contos , tão tristes e tão verdadeiros, carregados de emoção que me faziam chorar mesmo depois de adulta.

É meu pai, tua morada hoje não é nesse mundo, até a lápide fria deixei de visitar com a frequência de dantes no pequeno cemitério de Arujá, depois que vi que o tempo me levou também a sua presença material para um frio ossuário localizado no muro daquele campo santo... Me chateei com isso, mas refletindo, nada seu existe ali, nada daquele ser harmonioso que só me trazia paz, segurança e felicidade... 

Não sei de verdade onde você se encontra: fico na dúvida entre acreditar em uma vida eterna que traria conforto espiritual e esperança em te rever um dia,  a reencarnação em que muitos creem e que de certa forma nos afastaria, uma vez que estaria vivendo outra realidade, outra faceta da vida humana, distante da família que fomos um dia, do companheirismo e amor mútuo que trocamos durante 37 anos e convivência, ou o nada assustador e insuportável  que nos grita por dentro que a morte é o final de tudo, a cortina negra insuportável que se cerra para sempre,  e que grita em nossos ouvidos: acabou!

Você se foi cedo, para mim, nem que deixasses essa vida por um século seria compreensível e aceitável a sua ausência.

Não consigo entender por que muitos filhos se afastam de seus pais, até os odeiam, aconselho que vivam e os amem, pois a falta que  nos fazem é absurda e o pior, o mundo não gira em sentido anti-horário...

Pai, só sei que estou aqui, refletindo solitária nesse dia tão importante que deve ser comemorado com seriedade e alegrias, mais uma vez peço perdão por não ter aprendido com você uma única lição, embora tanto tenha batalhado para que eu aprendesse: a crença segura na existência da alma, na existência de um Deus que acolhe todos os que se vão dessa vida material para um plano superior que voltam a reencontrar seus entes queridos e viver para sempre junto deles...