Hoje, comentarei uma obra
literária do período romântico da literatura portuguesa.Trata-se de Eurico, o presbítero,
do escritor português Alexandre Herculano, 1810-1877. Predominam aqui o
saudosismo patriótico, o bucolismo e a religiosidade sentimental que, bem
trabalhados espelham um fundo de pesquisa histórica, embora suas tendências o
encaixem como romance clássico-histórico. A questão ética que envolve pirataria
ou/e contrafação nos impede de comentarmos obras mais recentes, assim, atualmente,
comento obras cujos autores já caíram no domínio público.
EURICO,
O PRESBÍTERO
Na verdade, a obra é um relato
histórico da tomada da Península Ibérica (regiões da França, Portugal, Espanha)
pelos árabes. A longa guerra que prevaleceu a esta ocupação é relatada pormenorizadamente.
Numa narrativa fantástica onde coisas impossíveis acontecem, o autor deixa
transparecer o excelente filósofo que é e questiona fatos da vida com uma
realidade impressionante e habilidade incrível de expressão. A estória passa-se
no século XIII na Espanha Visigótica, ou seja Espanha dominada pelo povo
visigótico, de origem alemã, onde primeiramente Eurico e o amigo Teodoro ajudam
o imperador Vitiza lutando contra camponeses revoltosos.
Após ter se saído bem na
revolução, ele pede ao duque Fávila da província de Cantábria a mão de sua filha, Hemengarda e tem
negado o seu pedido por não pertencer à casta da nobreza.
Assim, sem perspectivas de
realizar seu sonho, Eurico decide-se por abraçar a carreira do sacerdócio,
coisa comum na época, considerada uma bela e importante profissão, acabava por
acolher todos os desiludidos e desesperançados na vida amorosa. Daí advém o
termo presbítero, sacerdote.
Na tentativa de esquecer sua
amada, mergulha de corpo e alma no mundo monástico, em Cartéia, na Espanha,
transformando-se em espírito e servo de Deus. Nesse afã, compõe um belíssimo
hinário em louvor ao Criador, lindas composições que ficam amplamente
conhecidas pelos mosteiros espanhóis com o passar dos anos.
Após algum tempo, estoura a
invasão árabe com tropas chefiadas pelo general Tárique provenientes do norte da
África . O rei da Espanha, Rodrigo, é dominado extinguindo-se assim o reino
visigótico de Toledo. Temendo represálias, alguns descendentes de espanhóis
visigóticos debandam para o lado árabe traindo seu país.
É do conhecimento de todos que os
árabes dominaram a Península Ibérica por aproximadamente cinco séculos, temos
em nosso vernáculo uma imensidão de termos dessa origem, principalmente todos
aqueles que iniciam pelas letras al como
é o caso de: alface, alcova, alfândega,almirante entre outros.
Este acontecimento desperta em
Eurico uma febre de patriotismo que o impulsiona para que lute contra o invasor
e fantasticamente ele se transforma no “Cavaleiro negro”, que todo de negro
vestido luta insanamente, sem medo da morte conseguindo inacreditáveis vitórias.
Considerado por muitos como sobrenatural, pois combate dezenas de homens
simultaneamente, aniquilando-os sem se ferir.
É nesse meio sangrento onde os
árabes aliados também aos africanos devassam os godos, suas terras, seu povo
que o duque Fávila, pai de Hemengarda é morto...