Boa-noite, relutei muito antes de escrever mais um texto. Há dias, esse tema vem atormentando meu ser ao verificar o quanto a ficção deixa de ser irreal para fazer parte do cotidiano do homem moderno...
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Geração
faz-de-conta
Apesar de tantas afirmações
de que o jovem atual participa do processo de desenvolvimento da sua cidade e
país; da rapidez de raciocínio e facilidade que lhe são atribuídas na maneira como lidam com a tecnologia, a
despeito de como dizem, do grande volume de informações que recebe a cada
segundo, possibilidade do mundo virtual, digital como queiram chamá-lo, há toda
uma ficcionalidade a envolver o ambiente juvenil moderno, atualmente.
Podemos evidenciar tal fato
perante a mídia de consumo que é ofertada a essa geração: desafio alguém a
buscar em qualquer filmografia e na grande maioria da literatura predominante
no nosso século, que preferencialmente conseguiu se impor, uma obra que não
seja a de ficção científica; enredos que transportam a todos para lugares
futurísticos, de outros planetas, envolvendo seres estranhos e improváveis de
existirem na realidade. Há muito, as pessoas distanciaram-se do seu cotidiano,
de seus problemas e da tentativa de poder resolvê-los, uma vez que o que mais
interessa é vagar por outras galáxias, investigar os céus à procura de ovnis, avatares, aliens, seres
superpoderosos entre outros, enquanto a sua frente, os problemas sociais
crescem, proliferam-se, tornam-se insolúveis e matam inocentes. Qual a razão, todos deveriam
questionar-se, por não ter mais lugar na literatura e na arte, para o personagem
homem, o simples homem do dia a dia,
na luta diária pela vida como um super herói sobrevivente de um mundo que
desconhece, na realidade?
E o fato da criação de
ambientes fictícios já se prolifera na infância, na literatura, nas histórias
em quadrinhos, nos filmes e desenhos que são oferecidos a essa faixa etária.
É proibido mostrar valores
relevantes a uma vida digna, é preferível a exibição de seres irrelevantemente criados
que fogem da normalidade, como se isso fosse prova de qualidade e estímulo à
imaginação.
Desta forma, assistimos
passivamente em meio de enxurradas de informações, jovens que não sabem o
básico sobre a vida a seu redor, mas que conhecem nomes de estrelas de galáxias
a mil anos luz do planeta Terra; da mesma forma, seres que mal olham seu par e
o cumprimentam para trocar longas horas de diálogo nos chats de sites da
internet; alunos nas escolas que não conhecem informações corriqueiras sobre
relacionamento social, mas que colecionam um batalhão de amigos de mentira criados em
avatares e em relacionamentos distantes.
Por tudo isso, chega-se à
conclusão de que hoje, mais do que nunca, jamais o ser humano poderá organizar-se politica,
historica e socialmente de forma presencial como acontecia num passado não
muito distante; houve ferramentas apropriadas para efetuar esse distanciamento; uma verdadeira abdução que levaram o corpo e a alma de seres que se
assemelham a robôs, que monossilabam em seus lares, trocando o diálogo por uma
espécie de autismo, criação de um mundo próprio que leva ao isolamento por horas e
horas na solidão de dias e noites...
Há quem diga que há uma
conspiração por trás disso tudo, uma manipulação das artes, dos meios de
comunicação que objetive um cidadão alheio a seu tempo, apolítico e totalmente
massa de manobra para intenções sórdidas e antiéticas. O que se sabe é que
vivemos num mundo de faz-de-conta, onde o que tem valor deixou de fazer parte da
realidade.