segunda-feira, 8 de junho de 2015


Boa-noite, relutei muito antes de escrever mais um texto. Há dias, esse tema vem atormentando meu ser ao verificar o quanto a ficção deixa de ser irreal para fazer parte do cotidiano do homem moderno...



(https://www.google.com.br)



Geração faz-de-conta


Apesar de tantas afirmações de que o jovem atual participa do processo de desenvolvimento da sua cidade e país; da rapidez de raciocínio e facilidade que lhe são atribuídas na maneira como lidam com a tecnologia, a despeito de como dizem, do grande volume de informações que recebe a cada segundo, possibilidade do mundo virtual, digital como queiram chamá-lo, há toda uma ficcionalidade a envolver o ambiente juvenil moderno, atualmente.
Podemos evidenciar tal fato perante a mídia de consumo que é ofertada a essa geração: desafio alguém a buscar em qualquer filmografia e na grande maioria da literatura predominante no nosso século, que preferencialmente conseguiu se impor, uma obra que não seja a de ficção científica; enredos que transportam a todos para lugares futurísticos, de outros planetas, envolvendo seres estranhos e improváveis de existirem na realidade. Há muito, as pessoas distanciaram-se do seu cotidiano, de seus problemas e da tentativa de poder resolvê-los, uma vez que o que mais interessa é vagar por outras galáxias, investigar os céus à procura de ovnis, avatares, aliens, seres superpoderosos entre outros, enquanto a sua frente, os problemas sociais crescem, proliferam-se, tornam-se insolúveis e matam inocentes. Qual a razão, todos deveriam questionar-se, por não ter mais lugar na literatura e na arte, para o personagem homem, o simples homem do dia a dia, na luta diária pela vida como um super herói sobrevivente de um mundo que desconhece, na realidade?
E o fato da criação de ambientes fictícios já se prolifera na infância, na literatura, nas histórias em quadrinhos, nos filmes e desenhos que são oferecidos a essa faixa etária.
É proibido mostrar valores relevantes a uma vida digna, é preferível a exibição de seres irrelevantemente criados que fogem da normalidade, como se isso fosse prova de qualidade e estímulo à imaginação.
Desta forma, assistimos passivamente em meio de enxurradas de informações, jovens que não sabem o básico sobre a vida a seu redor, mas que conhecem nomes de estrelas de galáxias a mil anos luz do planeta Terra; da mesma forma, seres que mal olham seu par e o cumprimentam para trocar longas horas de diálogo nos chats de sites da internet; alunos nas escolas que não conhecem informações corriqueiras sobre relacionamento social, mas que colecionam um batalhão de amigos de mentira criados em avatares e em relacionamentos distantes.
Por tudo isso, chega-se à conclusão de que hoje, mais do que nunca, jamais o ser humano poderá organizar-se politica, historica e socialmente de forma presencial como acontecia num passado não muito distante; houve ferramentas apropriadas para efetuar esse distanciamento; uma verdadeira abdução que levaram o corpo e a alma de seres que se assemelham a robôs, que monossilabam em seus lares, trocando o diálogo por uma espécie de autismo, criação de um  mundo  próprio que leva ao isolamento por horas e horas na solidão de dias e noites...
Há quem diga que há uma conspiração por trás disso tudo, uma manipulação das artes, dos meios de comunicação que objetive um cidadão alheio a seu tempo, apolítico e totalmente massa de manobra para intenções sórdidas e antiéticas. O que se sabe é que vivemos num mundo de faz-de-conta, onde o que tem valor deixou de fazer parte da realidade.