Todo o ano eleitoral, entra em nossos lares, sem pedir licença, a malfadada campanha política na televisão. Um monte de asneiras são despejadas a cascatas invadindo nossos ouvidos, onde os candidatos entram na briga do "quem faz mais"... Quando deveriam apresentar uma campanha elegante, inteligente que nos elucidasse, pelo amor de Deus, em quem votar nesse pleito que se aproxima. As velhas figurinhas repetidas voltam a ilustrar o álbum, nada novo. Nos cargos eletivos sempre a mesma casta ocupa uma cadeira cativa que nunca dá lugar ao diferente, a pessoas coerentes que gostaríamos de ter como administradores dos nossos estados, cidades e país. O que fazer?Ainda se ouve muito alguém dizer: o povo não sabe votar, é preciso escolher melhor. Mas escolher onde? quem?
Só sei de uma coisa, para quem tem consciência e o mínimo de discernimento necessários ao ser humano, o ceticismo deve inundar nosso pensamento. Não há mais em quem acreditar...Muitas mudanças radicais foram tentadas e , no entanto, deu no que deu. Publico hoje um texto que há muito estava escrito, salvo em uma pasta do computador, que revela toda a minha descrença e desânimo quanto à política. Ainda bem, para os políticos que há os jovens que acreditam sempre em mudanças e são crédulos. Se dependessem dos eleitores mais vividos e maduros, com certeza o quadro seria outro: um nulo total....Mas vamos ao que interessa.
A HISTÓRIA SE REPETE
Alguém já
prometeu uma vez... Por muito tempo, a certeza de dias melhores e mudanças
políticas desejáveis foram até vislumbradas. Mas tudo passou, como sempre nada
mudou, nada aconteceu. As promessas não se cumpriram, as novas verdades foram
distorcidas e acabaram como dantes...
Feudalismo,
monarquia, república, comunismo, socialismo e tantos outros “ismos” e a verdade
continua a mesma: não há solução para os problemas que afligem o povo de
qualquer lugar do planeta. A elite privilegiada sempre existirá e prevalecerá
desde que foi criada. E para que ela se mantenha no poder deverá ficar no alto
da pirâmide hierárquica, seguida de perto por outras elites como a religiosa, militar,
indústrial e outros, enquanto o povo ocupará como sempre a base da pirâmide tal
qual era no passado.
De todas as
correntes políticas que passaram pelo país, nenhuma delas privilegiou a base da
pirâmide: do feudalismo à monarquia quase nada mudou da mesma forma que a
República não solucionou questões que ao povo dissesse respeito, e a despeito
de novas promessas de que dias melhores virão com esse ou aquele regime
político resta-nos o ceticismo total ou a esperança de que um dia seja possível
visualizar épocas mais felizes.
Quando analisamos
os fatos à luz da história iremos perceber que as palavras que foram o lema da
Revolução Francesa no século XVIII:
Liberdade,Igualdade e
Fraternidade jamais serão consideradas principalmente na sociedade
atual, que privada de cultura e conhecimento talvez nem saiba qual o real
significado destes vocábulos.
Basta voltarmos
ao século XIX após a Proclamação da Independência. José Bonifácio era o responsável por grande parte dos atos políticos do
príncipe D. Pedro. O patriarca da Independência era um homem de inteligência
ímpar, estudioso e de uma cultura sem igual, no entanto, qual o final de vida
que lhe restou? Morreu na mais absoluta miséria, em sua casa, envergonhado ao
receber visitas famosas a observarem os lençóis remendados que lhe cobriam o
leito.
Quando houve a abdicação
de D. Pedro I a seu filho, veremos que na impossibilidade do mesmo governar
como rei, esse encargo foi designado a outras regências enquanto o então
Príncipe Pedro II se esmerava nos estudos para obter a mais lapidada formação e
ocorreu o mesmo que já havia ocorrido com José Bonifácio, o então regente que
tanto bem fazia, revelando-se um mecenas generoso que custeou a carreira de
muitos artistas, entre eles Carlos Gomes, passou a viver em dificuldades
financeiras, caindo sua popularidade de príncipe, pois se apresentava
publicamente com roupas rotas e carruagens velhas e decadentes que diminuíram a
imagem do império perante os brasileiros.
Com todos os
acontecimentos como as posições políticas que D Pedro tomava contra os
poderosos militares e igreja acabou sendo exilado morrendo distante e sempre a
sonhar com a tão amada terra, o Brasil.
E quantas
traições aconteceram dentro desses regimes políticos, tudo pela ambição pelo
poder em primeiro lugar.
Hoje, nos
deparamos com um cenário de miséria na política internacional e nacional. Uma
miséria cultural onde a ética, os valores dignos como a honestidade não têm
mais lugar. Temos uma república fraca, escrava de economias ambiciosas e ávidas
pelo poder, contamos com políticos mal preparados, sem cultura e sem valor
moral.
Quando nos
encontramos às voltas com parlamentares que mal conseguem assinar o nome, são
submetidos ou condicionados a ocuparem um cargo importante para o país através
de um ridículo ditado de palavras é que nos perguntamos: do que valem tantas
revoluções e tantas vidas que se perdem e se perderam para efetuar mudanças.
Quando começamos
a perceber, que no ambiente político que nos rodeia só existem sujeira, corrupção e
interesses pessoais é que nos perguntamos: temos o quê comemorar nestes 121 anos
de república?
Infelizmente só
podemos parabenizar aqueles que realmente se empenharam no passado e dar os
pêsames aos homens públicos do presente que não sabem e nem querem saber o que
é uma política justa...