quarta-feira, 24 de junho de 2015



Dedico as páginas de hoje aos poucos que se entregam com seriedade ao magistério, à missão de mestre de verdade  e que sentem na pele as agulhadas da indiferença e do descaso... 





Lições de hipocrisia







Uma escola é mais do que uma simples organização onde se recebem alunos para transmissão de conhecimentos; antes de tudo, deve ser uma equipe onde todos devem ser respeitados em suas necessidades e valorização de trabalho, não se admitindo favoritismos, estrelismos e subserviência para que possa servir de modelo à formação de personalidades.
Talvez seja essa uma das causas principais da falência da educação em nosso país e por que não dizer do mundo, uma vez que os seres humanos são iguais em qualquer parte do planeta. Não se leva mais em conta, ultimamente, a qualidade do trabalho profissional oferecido pelos funcionários sejam eles professores, administradores, secretários, inspetores, serventes etc.
O que proporciona promoção, valorização, status é o nível de bajulação que o sujeito pode oferecer; além da imagem de bem-relacionado, de socialmente integrado à equipe, e, é claro, que esse entrosamento é igualmente proporcional à capacidade de dissimulação do indivíduo, da sua desenvoltura em comentar discretamente com as pessoas certas sobre a vida pessoal e o comportamento de colegas, sabendo criticar ao gosto dos chefes, ou “puxa-sacos”, perdoem-me o termo, dos encarregados e diretamente relacionados à direção de um grupo.
Um dos maiores problemas, atualmente, é a tremenda falta de ética, de respeito, vontade de trabalhar seriamente e a palavra mágica: com-pe-tên-cia. Pela ausência desta, a grande maioria de personalidade frouxa,  advinda de instituições pouco sérias que proliferam no mercado, só consegue sucesso se entrar nesse ritmo, nesse modelo de comportamento que tem rendido a muitos sua sustentabilidade empregatícia, o reconhecimento de seus chefes e subchefes angariando sua amizade e atenção.
A hipocrisia e a falsidade que jamais deveriam prosperar em uma escola é a máxima bússola condutora de uma instituição desse tipo no momento presente e responsável pelos mais desvalorizados procedimentos que ali ocorrem: falta de cumprimento de deveres e horários; supervalorização do inútil e do boçal elevando-o à categoria da excelência, atendimento parcial aos funcionários e alunos em detrimento de uma minoria elitizada, inversão de valores; falta de administração do espaço físico e do material humano; falta de atendimento igualitário a todos no uso de recursos tecnológicos da organização que permanecem na mão de poucos que muitas vezes nem os utilizam com qualidade e frequência, não possibilitando seu uso à maioria; além de irregularidade na admissão de empregados e desumanidade.
As consequências que estas discrepâncias trazem são maléficas e trágicas para as instituições que na maioria do país assim procedem, pois geram conflitos e revolta, desistência e evasão escolar, insustentabilidade e instabilidade do quadro de funcionários, que insatisfeitos caem em uma rotatividade constante em busca de um lugar melhor; atritos permanentes entre  funcionários inconformados com o tratamento desigual que sofrem em detrimento de alguns.
O egoísmo e a vaidade proliferam em ambientes deste tipo, principalmente se há uma avaliação do trabalho oferecido e, ao invés de se colherem frutos de um trabalho conjunto e efetivo, convive-se com a coroação de individualidades que num eterno puxar de tapetes, e queima do “filme” dos poucos que trabalham realmente, conseguem manter-se no poder durante anos e anos.
A instituição que admite esse modelo de administração está fadada ao fracasso e ao provável desaparecimento uma vez que não tem luz própria, revela fraqueza de caráter e indolência que prevalece sobre o trabalho. Perde seu valor e respeito através de colegas que exercem controle entre seus parceiros e tentam comandá-los e, desta forma,  recusam-se a desenvolver seu real papel, pois avaliam-se superiores a eles; sobrecarregam outros funcionários com suas próprias funções; desprezam aqueles que são autênticos e  que deixam transparecer seus erros, condenando-os como antiéticos quando expõem a sujeira sob o tapete da pouca-vergonha, dando preferência a personalidades indolentes e fracas e, com tudo isso, deixam  de aproveitar o bom material humano de que dispõem.
Por essas e por outras razões que se aqui elencadas representariam capítulos e mais capítulos de um livro, é que nossa educação decai a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Não há a atenção necessária ao real personagem do palco que são os alunos e a sua formação, relegados ao terceiro plano e nem uma luz que clareie e torne público este câncer dispondo-se a erradicá-lo. E assim,  o problema continua...