Dedico as páginas de hoje aos poucos que se entregam com seriedade ao magistério, à missão de mestre de verdade e que sentem na pele as agulhadas da indiferença e do descaso...
Lições de hipocrisia
Uma escola é mais do que
uma simples organização onde se recebem alunos para transmissão de
conhecimentos; antes de tudo, deve ser uma equipe onde todos devem ser
respeitados em suas necessidades e valorização de trabalho, não se admitindo
favoritismos, estrelismos e subserviência para que possa servir de modelo à formação de personalidades.
Talvez seja essa uma das
causas principais da falência da educação em nosso país e por que não dizer do
mundo, uma vez que os seres humanos são iguais em qualquer parte do planeta.
Não se leva mais em conta, ultimamente, a qualidade do trabalho profissional
oferecido pelos funcionários sejam eles professores, administradores,
secretários, inspetores, serventes etc.
O que proporciona promoção,
valorização, status é o nível de bajulação que o sujeito pode oferecer; além da
imagem de bem-relacionado, de socialmente integrado à equipe, e, é claro, que
esse entrosamento é igualmente proporcional à capacidade de dissimulação
do indivíduo, da sua desenvoltura em comentar discretamente com as pessoas
certas sobre a vida pessoal e o comportamento de colegas, sabendo criticar ao
gosto dos chefes, ou “puxa-sacos”, perdoem-me o termo, dos encarregados e
diretamente relacionados à direção de um grupo.
Um dos maiores problemas,
atualmente, é a tremenda falta de ética, de respeito, vontade de trabalhar
seriamente e a palavra mágica: com-pe-tên-cia. Pela ausência desta, a grande
maioria de personalidade frouxa, advinda de instituições pouco sérias que proliferam no mercado, só
consegue sucesso se entrar nesse ritmo, nesse modelo de comportamento que tem
rendido a muitos sua sustentabilidade empregatícia, o reconhecimento de seus
chefes e subchefes angariando sua amizade e atenção.
A hipocrisia e a falsidade
que jamais deveriam prosperar em uma escola é a máxima bússola condutora de uma
instituição desse tipo no momento presente e responsável pelos mais
desvalorizados procedimentos que ali ocorrem: falta de cumprimento de deveres e
horários; supervalorização do inútil e do boçal elevando-o à categoria da
excelência, atendimento parcial aos funcionários e alunos em detrimento de uma
minoria elitizada, inversão de valores; falta de administração do espaço físico
e do material humano; falta de atendimento igualitário a todos no uso de
recursos tecnológicos da organização que permanecem na mão de poucos que muitas
vezes nem os utilizam com qualidade e frequência, não possibilitando seu uso à
maioria; além de irregularidade na admissão de empregados e desumanidade.
As consequências que estas
discrepâncias trazem são maléficas e trágicas para as instituições que na
maioria do país assim procedem, pois geram conflitos e revolta, desistência e
evasão escolar, insustentabilidade e instabilidade do quadro de funcionários, que insatisfeitos caem em uma rotatividade constante em busca de um lugar
melhor; atritos permanentes entre funcionários inconformados com o tratamento
desigual que sofrem em detrimento de alguns.
O egoísmo e a vaidade
proliferam em ambientes deste tipo, principalmente se há uma avaliação do
trabalho oferecido e, ao invés de se colherem frutos de um trabalho conjunto e
efetivo, convive-se com a coroação de individualidades que num eterno puxar de
tapetes, e queima do “filme” dos poucos que trabalham realmente, conseguem
manter-se no poder durante anos e anos.
A instituição que admite
esse modelo de administração está fadada ao fracasso e ao provável
desaparecimento uma vez que não tem luz própria, revela fraqueza de caráter e indolência que
prevalece sobre o trabalho. Perde seu valor e respeito através de colegas que
exercem controle entre seus parceiros e tentam comandá-los e, desta forma, recusam-se a desenvolver seu real papel, pois
avaliam-se superiores a eles; sobrecarregam outros funcionários com suas
próprias funções; desprezam aqueles que são autênticos e que deixam transparecer seus erros,
condenando-os como antiéticos quando expõem a sujeira sob o tapete da
pouca-vergonha, dando preferência a personalidades indolentes e fracas e, com
tudo isso, deixam de aproveitar o bom
material humano de que dispõem.
Por essas e por outras
razões que se aqui elencadas representariam capítulos e mais capítulos de um livro,
é que nossa educação decai a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Não há a
atenção necessária ao real personagem do palco que são os alunos e a sua
formação, relegados ao terceiro plano e nem uma luz que clareie e torne público este câncer dispondo-se a erradicá-lo. E assim, o problema continua...