terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Boa-noite, as alegrias carnavalescas chegam a seu final na noite de hoje...Momentos para reflexão com a volta às aulas e todos os rituais que as acompanham, principalmente nas faculdades e universidades do país...

TROTE,SINÔNIMO DE:


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Surgido na Idade Média e cultuado durante séculos através das gerações, essa prática chega até os nossos dias caracterizando-se como uma ação humilhante e agressiva, uma vez que fere a privacidade e liberdade individual: o trote estudantil.
É incompreensível que esse tipo de atitude ainda persista em pleno século XXI  quando tanto se fala em bullying, direitos humanos, liberdade etc. sem que nada seja feito no sentido de eliminar essa tradição insalubre e indesejável.
Alunos veteranos em uma instituição de ensino superior, geralmente os de má índole, organizam-se todos os anos para submeter os ingressantes, denominados "bixos", a toda a sorte de afrontas e pressão psicológica que envergonham, rebaixam e degradam  o ser humano, sem razão alguma de existir.
Inúmeras são as atitudes desses insanos que promovem o trote: banhos de substâncias deterioradas e malcheirosas, cortes de cabelos indesejáveis, exposição humilhante em praças públicas, isso, quando são mais brandos, mas não menos agressivos.
Ultimamente, isso tem tomado proporções violentas, chegando ao ponto de interromper a vida humana na fase mais vigorosa das pessoas: são queimaduras provocadas por substâncias químicas como a cal, ácidos e outras; ingestão obrigatória de álcool e drogas não permitidas, afogamento em piscinas, traumatismo craniano causado por agressões violentas, entre tantas outras formas de tortura e barbarismo que são impostas aos chamados calouros das faculdades e universidades do Brasil e do mundo.
Posso, certamente, falar sobre isso, sofri agressões ao ingressar na faculdade e ser mais castigada do que outros "bixos" por não ter aceitado os galanteios de um veterano que gastou, aproximadamente, duas latas de graxa preta em meus cabelos, banho em todo o corpo de mistura de ovos podres, farinha e óleo além de humilhação em praça pública...
Ainda hoje, assisti a um jornal televisivo onde um entrevistado comentava a respeito de uma CPI que foi instaurada no país com o objetivo de investigar os últimos trotes violentos que tem ceifado vidas, gerado estupros, e queimaduras graves e indignada ouvi a apresentadora manifestar sua opinião de que os trotes não devem terminar, pois muitas pessoas gostam deles...
Mais indignado ainda ficou o entrevistado, que afirmou que apenas futuros violentadores podem simpatizar com essa prática...
Realmente, só pessoas de muita baixa índole e formação apreciam atitudes tão vis e indignas, que deprimem e relegam o ser humano à pior das criaturas; sádicos que se alegram  com a desgraça alheia; frustrados que não têm capacidade para atingir metas e objetivos, e, desta forma, despejam sua inveja e ira em seus pares.
Nesse caso, há que se ter uma regulação, um acompanhamento a esse bando de animais disfarçados de gente que se infiltram dentro de instituições educativas como estudantes, o que não são, efetivamente.
O ideal é banir essa pouca-vergonha, bullying no mais último grau, que serve de diversão para incompetentes que apenas acham graça em espezinhar alguém, não importa em que nível.
Fala-se em trote do bem, que seriam atitudes impostas, porém, voltadas a ações sociais no sentido de doação de sangue, por exemplo. Mesmo nesse caso, isso não pode prosperar, uma vez que vai contra a vontade, a liberdade de cada um de optar. Afinal, estamos ou não em uma democracia?
Tomem-se providências urgentes a esse respeito, do contrário, nossos jornais continuarão a estampar estatísticas indesejáveis provindas desse tipo de ação.
Se não for possível ao poder executivo desenvolver algum tipo de atitude nesse sentido, que o faça o judiciário através do Ministério Público que deve fazer justiça, para isso foi criado. O que é inadmissível é a ignorância dos fatos, a permissividade, a falta de cuidado com as pessoas.
E que a atitude coerente a ser tomada,  venha logo, não espere para fazê-lo quando o número de mortos e agredidos alcance uma proporção incontrolável.