Como se encontra a educação em nossas escolas
estaduais? Você tem uma ideia?Todos os jovens pais mais esclarecidos com quem
encontramos, garantem que trabalharão até a extinção de suas forças, mas jamais
colocarão seus filhos em uma escola pública...
É uma pena, porém é lastimável o estado em
que se encontram nossas escolas atualmente, numa situação que foge totalmente do
controle dos professores e de toda a equipe escolar, diga-se de passagem. Diria
que o caos se instalou em todas as unidades de ensino estaduais com raríssimas
exceções. E não adianta encontrar um bode expiatório como educadores, diretores,
e outros envolvidos para tentar responsabilizar, a culpa não é de nenhum deles.
Para quem já estudou em tempos áureos ou
mesmo para aqueles que como eu ainda cursaram essas escolas em outras décadas é
sabido que realmente, apesar das mudanças que já se delineavam, essas
instituições com toda a seriedade e respeito que tinham perante os cidadãos, alcançavam
o seu objetivo de formar pessoas conscientes, com capacidade suficiente para se
promover em concursos públicos sem muito sacrifício e sobretudo prepará-los
para viver e conviver sadiamente em grupo. Nessa época, ninguém em sã consciência
que pretendesse uma boa formação intelectual ou ético-moral manifestava desejo
de estudar em uma escola particular pelo motivo de que estas apresentavam um
nível de ensino de qualidade inferior (por incrível que pareça) acolhiam alunos
desinteressados do ensino público que eram jubilados (repetentes por três anos
consecutivos) e os expulsos por indisciplina e vandalismo. Quando alguém
perguntava sobre a qualidade de ensino a resposta era infalível: quem quer
estudar, matricula-se em uma escola pública.
Que reviravolta aconteceu com a Educação até
os nossos dias! Posso falar com certeza, pois sempre trabalhei nessa área; foi
uma sucessão de leis inapropriadas, importadas, inadequadas para a nossa sociedade,
em moldes de países de primeiro mundo que caíram em nossas escolas e não se
ajustaram como deviam, dir-se-ia que o molde era maior do que o manequim que o
usaria. Filosofias utópicas, forjadas em gabinetes fechados, que nem de longe
seriam práticas para a situação real, apenas teorias, teorias e leis impostas
de cima para baixo que nunca ouviram aqueles que realmente poderiam elaborá-las,
aplicá-las e conseguir um bom resultado. Aos pobres educadores só restava
acatar esse monte de teoria inútil e tentar aplicá-la em seus planos de ensino
e em sala de aula sem nada conseguir de concreto que justificasse esse uso...
A primeira das leis impactantes que caiu como
uma bomba sobre os educadores foi a 4692 (se não me falha a memória, mas essa
marcou). Esta retirava toda a centralização do sistema educacional no educador
e tornava o aluno o centro de todas as ações e intenções) e além do mais,
retirava parte da autoridade do mestre ao repreender o educando ou chamar-lhe a
atenção com mais seriedade. Com essa
decisão, começava a se delinear o fracasso da instituição como educadora, porque
àquele educando carente de maior rigor para que assumisse os estudos ela foi
delegando poderes que com o passar do tempo permitiu-lhe a ação de agir a seu
bel-prazer e, sobretudo a atrapalhar todo o processo de ensino. Como as escolas
trabalham com adolescentes cuja irreverência é a principal característica de
comportamento, com esta medida, a educação foi se desmoronando dia a dia embasada
em leis que provocaram uma demolição total no sistema até que a despeito de
toda a promessa da democracia de melhorar todos os setores da sociedade, se
chegou à incrível LDB em 2011, acabando de vez com o pouco de lucidez que ainda havia , instituindo a reprovação apenas por ciclos, medidas totalmente econômicas
que em vigor até hoje, trazem em seu cerne decisões totalmente injustas, parciais e revoltantes para todos da equipe docente e discente; até hoje
nenhum aluno pode concordar que seja equalizado a alguém que sequer traçou uma
linha no caderno ou tenha apresentado uma única lição e que seja premiado com
uma promoção injusta, insultando a todos aqueles que se dedicaram e incentivando
para que também nada façam através do raciocínio e dedução lógica, para quê o
esforço, se o prêmio é obtido com facilidade?
Vemos hoje um bando de jovens
desrespeitadores, que precocemente não acatam leis, regimentos internos, hierarquia ou aos mais velhos, depredadores do bem comum, violadores
da posse do seu par, pois a todo o momento subtraem com a maior naturalidade
bens de consumo de seus colegas de classe, revelando uma frieza e hipocrisia a
toda prova; elementos totalmente nocivos que já se preparam para a
marginalidade na vida adulta. E, com que tristeza nós, educadores, verificamos jovens em final de curso que sequer podem escrever ou ler corretamente... Nem quiçá saber portar-se dignamente perante qualquer evento social...
Toda a sorte de profissionais é necessária
hoje dentro das escolas sem nada resolver: coordenadores, inspetores, professores
mediadores que, por Deus, por pouco não sofrem um enfarto do miocárdio perante
tanta falta de respeito e educação de berço, essa é um caso à parte, pois a
desestruturação familiar, a maternidade em tenra idade e a falta de
planejamento familiar não a possibilitam. Vemos dessa forma, enfermeiros
enlouquecidos tentando socorrer alunos violentados pelos colegas em sala de
aula e todo o tipo de mazela que não caberia nessa página, tal o tamanho das
ocorrências. Sem contar os casos onde as drogas proliferam sem que nada se
possa fazer, o medo tomou conta de todos os que têm sua vida pessoal e de sua
família a preservar. Com sinceridade, tudo ocorre na escola menos a
aprendizagem e o estudo que acontecem esporadicamente como um milagre
apresentado por alguns.
E onde estão nossos especialistas da Educação
que dormem sobre as utopias de um Xangri-Lá distante e teorias sem sentido?
Enquanto isso a marginalidade cresce, a
violência aumenta e obriga o cidadão de bem a se fechar entre muros e grades.
Até quando???
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