sábado, 6 de novembro de 2010

É impossível deixar de lembrar...

Amigos, mais uma semana que passa voando, fugindo do mês de novembro, nos aproximando de mais um Natal e do término do ano que evaporou tão rápido como fumaça levada pelo vento. As tristezas de um finados mesmo com todo o vigor do dia ensolarado se foram agora ,e novas preocupações nos trazem de volta ao mundo dos vivos onde a agitação, contradições, contratempos, encontros e desencontros nos preenchem  a vida. Sabemos que o presente agora é o que mais importa, o futuro é incerto e o passado...bem, já se foi, mas como esquecê-lo?
Ao lembrar a imagem de uma melodia escrita em um pentagrama...São cinco linhas...E a clave? Se for de sol, temos as notas sol,sol, mi, sol, ré em sons médios...Se for clave de fá, teremos sons mais graves de si,si, sol,si, fá....
Tudo isto para dizer que...
Quando ouvimos aquela música de um passado não tão distante, para dizer a verdade muito próximo, tão próximo que podemos quase tocá-lo, sentir seu cheiro de perfume, sua cor rosa a enfeitar nossas tardes, podemos passar horas a ouvi-la martelando em nossa cabeça, nos transportando para a época mais feliz de nossa existência.
Aqueles dias e noites magníficas, bem vividas, cheias de emoções e tão cheias de vida!
Tardes ao sabor do vento, o jogo de bola com os amigos, o domingo na piscina, a noite diante da tela de um cinema acompanhada da mais doce companhia.
Quantos sonhos, quantos planos! Se foram realizados ou não, pouco importa, o que conta é que fizeram parte de vidas levadas sem planejamento, sem premeditações, embaladas por batidas fortes do relógio do coração.
E quer coisa mais natural e sadia do que viver por conta do destino, com os encantos da juventude e as loucuras da adolescência?
Por vezes, a alma invadida por uma euforia incontrolável levando a acreditar em tudo e em todos,achando o mundo maravilhoso, sentindo o amor vibrando forte como as ondas do mar a arrebentarem no rochedo...
Outras vezes com o rosto molhado por lágrimas de incerteza, de desespero, sentindo a dor rasgando o peito invadido pelo ciúme e pelo desamor.
Quantas  vezes estremecendo por um toque apenas; momentos mágicos, inexplicáveis de amores ingênuos, platônicos e eternos! Amores apenas sentidos, às vezes à distância e que, no entanto, marcaram para sempre...
Tempos inesquecíveis, onde as  proibições eram  responsáveis por tanta magia e desejo de desobedecer! As mentiras inventadas para conseguir escapar, os encontros furtivos cheios de aventura e emoção...
O céu era mais belo, as noites mais estreladas  convidavam a amar e a sonhar! A vida se apresentando como um romance bonito onde éramos os personagens principais...
A vontade de viver no vigor da juventude, ao ritmo da música mais alegre e contagiante, muitas vezes de um romantismo sem par, ouvidas na solidão de um quarto, nos transformando em príncipes e princesas através imaginação que nos arrastava a lugares dantes nunca visitados, sempre acompanhados pela presença de um grande amor.
Quem vive do passado é um ultrapassado, muitos dizem, viva o presente! Mas somos o que somos pelo que fomos, se felizes porque lá nos realizamos, se infelizes porque lá não conseguimos obter a tão sonhada realização, mas mesmo assim, sabemos que a felicidade plena jamais existirá, alguém já disse uma vez: "o que existe na vida são momentos felizes".
Guardemos, portanto, os nossos momentos de felicidade no fundo de nosso coração e nos lembremos deles com carinho e estaremos realizados.
O tempo na realidade não existe, o que existe é aquilo que vivemos que nos faz sentir emoções, que nos faz vibrar, que faz com que o nosso coração bata mais forte...
Ah! do que uma música é capaz!


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Homenagem póstuma

Amanhã é o seu dia, meu querido pai...É uma pena que seja um dia tão triste para que eu me lembre de alguém tão alegre como você foi. E  mais triste se torna quando há onze anos não conto mais com sua amável presença.
Exemplo de dignidade e humildade acima de tudo, você foi tudo de bom que pôde acontecer em minha vida.
Tenha a certeza, esteja onde estiveres, que você será sempre o meu paizinho querido, aquele  cuja lembrança nem o tempo vai apagar.








"LEMBRANÇA"



Tudo aqui nesta casa me lembra a tua presença: seja o solitário porta-retrato sobre a estante que exibe inocente o teu rosto simpático, ou até mesmo o relógio silencioso de parede com que me presenteaste e que continua trabalhando indiferente.
Aquela tua florzinha preferida no jardim...
O frasco do perfume, intacto no armário do banheiro, ou as roupas imóveis no guarda-roupa das quais não tive coragem de desfazer; os chinelos, o doce preferido, os discos... A Bíblia Sagrada esquecida sobre o criado-mudo...
As suas palavras carinhosas, o sorriso amável, a compreensão, o exemplo e a dignidade acima de tudo.
Você, agora, a sua imagem se esvaem no tempo qual fumaça que se dissipa rapidamente ao sabor do vento.
Sua morada já não é esta.
Engraçado como a fragilidade humana é imensa! Os objetos materiais permanecerão por muitos e muitos anos: uma simples folha de papel com anotações tuas ainda remanesce e remanescerá, não sei até quando, enquanto que de você nada mais restará.
Caminhando pelo cemitério silencioso, carregando o ramalhete que eu mesmo compus com suas flores prediletas do jardim, vou remoendo estas palavras, quase uma oração pessoal.
Revejo a lápide fria de onde o nada é a certeza mais dura que me invade o ser.
“Quando poderemos nos ver novamente, trocar confidências?”
De ti, ficaram-me as mais doces lembranças que um ser humano pode ter.
A vida deve continuar... A guerra não acabou, ainda mesmo que um combatente de ouro tenha tombado.
Nada espero... Nada cobro... Nada exijo... Vou vivendo à mercê da sorte...
A mim, resta-me a capacidade de poder fechar os olhos e recompor já com dificuldade o seu rosto sereno. O sentimento que nos uniu é o mesmo e será eterno, imortal, indiferente à fugacidade do tempo...

Imagem acima retirada do Google Image. Site: cienciatic.blogspot.com.