quarta-feira, 20 de maio de 2015



  
Hoje, tenho que escrever. Não por obrigação, não por dever, mas por vontade, necessidade de registrar alguns momentos bem vividos, doces e únicos. A despeito da falta absoluta de tempo que o trabalho consome, abandono hoje, o formato dissertativo, agressivo para escrever uma crônica, arrancada do fundo do coração....




 OS ANOS NÃO TRAZEM MAIS....

Entrando hoje pelo corredor do prédio onde moro em direção ao meu apartamento, alguma coisa me fez lembrar da época em que meu primeiro  filho tinha apenas um ano e fizemos uma viagem à Foz de Iguaçu.  Veio essa lembrança forte, de repente, como que trazida pelo vento frio de maio que me agitava os cabelos.
Quanta saudade! Por alguns instantes, me senti aquela jovem mãe de jeans e camisa, cabelos soltos, orgulhosa carregando o filho nos braços como quem carrega um príncipe ou um pequeno anjo de cabelos louros e lisos, rostinho corado e gracioso...
Agora, essa cena me parece tão distante como uma foto amarelada do álbum de fotografias esquecido no guarda-roupa do meu quarto. Por instantes, relembrei a antiga casa, a alegria da infância barulhenta e sua presença forte se fez sentir em todo o meu ser! Lembrei-me dos antigos brinquedos espalhados pela casa, enchendo corredores e quartos. Hoje, o vazio, a casa silenciosa e sossegada longe da algazarra daqueles tempos cheios de vida.  Uma lágrima me surpreendeu em meus olhos e relutou em cair, enquanto me recordava da imagem do Ferrorama da Estrela, que montado ocupava quase que toda a pequena sala, levando apressadamente seus vagões, passando por pontes, engatando e desengatando seus carros pela via até que viesse o cansaço daquelas mãozinhas incansáveis. Que pena, os tempos não correram, voaram, os ladrões que assaltaram nossa nova casa levaram esse presente maravilhoso de infância que a avó cuidadosamente escolhera para presentear o neto querido...
Lembro-me sim, da jamanta cegonheira que carregava os carros de passeio e que efetuava várias manobras ao pressionar seus botões de comando! Da coleção Comandos em Ação, do Caça Bombardeiro, das bonecas da irmãzinha nascida três anos depois, carro da Barbie, Moranguinho e tantos outros que me vêm agora à cabeça!
E você, meu filho, hoje um homem que carrega sua linda criança nos braços me pergunta se ainda me lembro desses brinquedos?
Como poderei esquecê-los? São parte da minha vida e embora já apareçam distantes em um passado amarelado, posso ainda dizer que foram os melhores momentos que passei em toda a minha existência, instantes sublimes que se comparados à podridão desse mundo que hoje perante nós se descortina, revelam-se tão sublimes que conseguem me arrancar lágrimas de saudade!