domingo, 1 de setembro de 2013

A Diretoria de Ensino Centro realizou este ano a sua avaliação diagnóstica de Língua Portuguesa e Produção de texto. Do 8º ano - 7ª série foi solicitada uma redação de caráter narrativo a partir da leitura de um texto retirado do livro de Júlio Verne: Viagem ao centro da terra. A proposta sugeria continuação da narrativa com uma nova aventura. Segue então um texto escrito nos moldes estabelecidos.



Rumo ao inferno

 


A Islândia é um país cujo inverno é muito rigoroso. Também pudera! Já próximo ao Círculo Polar Ártico, impossível que fosse diferente. Na nossa aventura, tínhamos roupas boas, entretanto ainda continuávamos passando muito frio.
Ao chegarmos ao cume do Sneffels sentimos uma sensação estranha; estávamos sendo sugados para o interior da montanha, algo impossível para pobres mortais como nós evitar. Meu tio gritava para que não nos soltássemos dos cabos que nos prendiam ao exterior, porém, a força de atração era tão gigantesca que duvidava que eles resistissem à pressão.
A expressão de terror estampava-se no rosto dos guias, de Hans e nas faces pálidas de meu tio e eu. Não demorou muito e as cordas se partiram num estalo seco como se fossem barbantes  e agora, em grande velocidade mergulhávamos ao encontro das lavas incandescentes do vulcão que, de um vermelho vivo assemelhavam-se ao fogo do inferno. Quanto tempo de vida ainda nos restaria? Nestes instantes finais, ouviam-se os gritos desesperados de todos ao aproximarem-se daquele mar ardente. Como me arrependi de ter acompanhado meu tio naquela viagem que se revelava sem volta! Em plena juventude não me restava esperança alguma de sobrevivência. Destinado a uma morte trágica e terrível. O calor já era insuportável, um torpor me invadia por completo e a sensação de vertigem aumentava enquanto o corpo rodopiava num balé sinistro rumo à imensidão das chamas. Num segundo pensei em meus pais, como reagiriam a toda essa loucura? Certamente isso seria o fim de suas vidas, perder um filho ainda na adolescência...
Não havia mais o que fazer, deixei-me estar à mercê da minha sorte mentalizando uma oração. Ouvia agora a voz distante de meu tio que me dizia: “Acorda, acorda, você vai ficar bem!”
Como ficar bem? Era o que me perguntava, estava entre a cruz e a espada, num momento decisivo entre a vida e a morte. Senti no rosto um resfriamento reconfortante. Abri os olhos e pude visualizar o semblante preocupado do meu tio, que ajoelhado ao lado do meu corpo inerte ao chão, próximo a uma pequena fogueira improvisada, molhava-me a face com um lenço umedecido. O corpo ainda queimava, contudo, pude entender através da consciência que aos poucos voltava, que tudo não passara de um estado de desfalecimento que sofrera acarretado pelo cansaço e o desgaste da escalada daquele dia.