A Diretoria de
Ensino Centro realizou este ano a sua avaliação diagnóstica de Língua
Portuguesa e Produção de texto. Do 8º ano - 7ª série foi solicitada uma redação
de caráter narrativo a partir da leitura de um texto retirado do livro de Júlio
Verne: Viagem ao centro da terra. A proposta sugeria continuação da narrativa
com uma nova aventura. Segue então um texto escrito nos moldes estabelecidos.
Rumo ao inferno
A Islândia é um país cujo inverno é muito rigoroso. Também
pudera! Já próximo ao Círculo Polar Ártico, impossível que fosse diferente. Na
nossa aventura, tínhamos roupas boas, entretanto ainda continuávamos passando
muito frio.
Ao chegarmos ao cume do Sneffels sentimos uma sensação
estranha; estávamos sendo sugados para o interior da montanha, algo impossível para
pobres mortais como nós evitar. Meu tio gritava para que não nos soltássemos
dos cabos que nos prendiam ao exterior, porém, a força de atração era tão gigantesca
que duvidava que eles resistissem à pressão.
A expressão de terror estampava-se no rosto dos guias, de
Hans e nas faces pálidas de meu tio e eu. Não demorou muito e as cordas se
partiram num estalo seco como se fossem barbantes e agora, em grande velocidade mergulhávamos ao
encontro das lavas incandescentes do vulcão que, de um vermelho vivo
assemelhavam-se ao fogo do inferno. Quanto tempo de vida ainda nos restaria?
Nestes instantes finais, ouviam-se os gritos desesperados de todos ao
aproximarem-se daquele mar ardente. Como me arrependi de ter acompanhado meu
tio naquela viagem que se revelava sem volta! Em plena juventude não me restava
esperança alguma de sobrevivência. Destinado a uma morte trágica e terrível. O
calor já era insuportável, um torpor me invadia por completo e a sensação de
vertigem aumentava enquanto o corpo rodopiava num balé sinistro rumo à
imensidão das chamas. Num segundo pensei em meus pais, como reagiriam a toda
essa loucura? Certamente isso seria o fim de suas vidas, perder um filho ainda
na adolescência...
Não havia mais o que fazer, deixei-me estar à mercê da minha
sorte mentalizando uma oração. Ouvia agora a voz distante de meu tio que me
dizia: “Acorda, acorda, você vai ficar bem!”
Como ficar bem? Era o que me perguntava, estava entre a cruz
e a espada, num momento decisivo entre a vida e a morte. Senti no rosto um
resfriamento reconfortante. Abri os olhos e pude visualizar o semblante
preocupado do meu tio, que ajoelhado ao lado do meu corpo inerte ao chão, próximo
a uma pequena fogueira improvisada, molhava-me a face com um lenço umedecido. O
corpo ainda queimava, contudo, pude entender através da consciência que aos
poucos voltava, que tudo não passara de um estado de desfalecimento que sofrera
acarretado pelo cansaço e o desgaste da escalada daquele dia.