Mais
um texto
Comentar, expor fatos relatados
em um livro lido e discutir pontos de vista sobre o assunto é muito importante.
Talvez seja a ação que o povo brasileiro em sua maioria menos faz. Tecermos comentários, como
os que fiz nos quatro textos anteriores, além de ajudar a quem estuda a matéria
exposta, oferece opções de ampliar pontos de vista em vários tipos de questões:
histórica, política, social, ética e muitas outras.Por essa razão, é uma
necessidade estarmos lendo de forma constante e trocando idéias com outros que
podem compartilhar opiniões e sugestões. O texto de hoje, foge um pouco deste
esquema para tratar de um assunto bastante polêmico que vem incomodando não só
brasileiros compatriotas como estrangeiros que através da internet tomam
ciência do que acontece diariamente, porque não dizer momentaneamente em todos
os países que com essa ferramenta têm a informação em tempo real.
imagem retirada do site: www.google.com.br
BRASIL,
UM PAÍS IMORAL?
Começo por expor fatos ocorridos na
minha infância na década de 50, onde a Educação era levada a sério em todos os
setores da sociedade: nos lares, nas escolas, nas ruas e em todo tipo de
estabelecimento frequentado por pessoas.
Quero que fique bem claro aqui
que não quero fazer apologia de outros tempos, menosprezando o atual usando de
presunção ou orgulho, nem tampouco como muitos dizem, apresentar atitude de
senilidade que apenas valoriza o particular vivido sem analisar os fatos ao seu
redor.
Geralmente, uma pessoa aos seus
sessenta anos é vista por grande parte da sociedade como um ser em extinção,
saudosista e depredador de tudo quanto é moderno. Tal fato ocorre com a maioria
dos idosos que não param para pensar, que não se atualizam, adotando um paradigma egoísta e avesso a qualquer tipo de mudança.
Apenas como elucidação, a forma
de conduzir a vida de uma criança era totalmente diferente da que temos nos
dias de hoje, venho de uma família que nunca me ergueu a mão ou castigo para me
ensinar alguma coisa, pais presentes, principalmente a figura materna,
orientando, aconselhando, encaminhando dentro de princípios básicos para o
convívio social saudável.
Hoje, no afã de se inserir a
mulher no mundo profissional, fator de lucro para o setor empregatício, uma vez
que os salários são mais baixos, aliado ao fator da maior dedicação do sexo
feminino, a educação infantil tão essencial à formação do cidadão adulto foi
relegada a segundo plano, a depósitos de crianças, representados pelas instituições
privadas ou estatais como creches e escolinhas infantis que no fundo são a
mesma coisa e existem como forma de negócio, muito embora afirmem o contrário e muitas delas tentem fazer o melhor possível. Desta maneira, já na mais tenra
idade, bebezinhos são arrancados do seio materno e conduzidos diariamente a
locais onde, se pudessem escolher, jamais estariam.
Verifica-se com esse fato uma
lacuna incompreensível no desenvolvimento de qualquer ser. A não-presença da
mãe é inegavelmente a causa de muitas psicopatias e vícios na idade adulta. O
alto índice de criminalidade nos nossos dias não se deve apenas a fatores
apontados pela mídia e pela ciência como a desigualdade social, pobreza e sim
pela falta de amparo, de ajuda e aconselhamento na infância pela mãe, figura
insubstituível, único ser capaz de transmitir segurança, amor sem esperar nada
de volta. É claro que para toda regra há exceção, uma vez que aquele que não
recebeu amor na infância também não saberá retribuí-lo.
A que foi relegado esse amor
materno hoje? É fácil responder, a uma pressa constante, a uma escravização
obsessiva pelo relógio que controla a todos àqueles que precisam trabalhar.
Pela pressa, não se faz um carinho que não podia esperar, por ela não se
acompanham os deveres e vida escolar das crianças, bem como não se desperta
amor ao estudo, aos livros, não se orienta o que se deve ou não fazer. As
pessoas se robotizaram, tornaram-se frias e desprovidas de sentimentos. O
dinheiro fala mais alto, para muitos, porque sem ele não podem nem alimentar os
filhos que feitos sem planejamento algum superlotam casas sem estrutura física
ou psicológica para recebê-los. Para outros, porque levados pelo consumismo
compulsivo consideram que amor aos filhos é lotar as casas de quinquilharias e
roupas de grife numa competição desenfreada com vizinhos, parentes e amigos. E para muitos ainda, fato totalmente inadmissível, por preguiça de cuidar de suas
crianças, tarefa que, diga-se de passagem, não é nada fácil, assim muitas
dessas progenitoras entregam seus filhos aos cuidados de avós, empregadas
domésticas quando não os maltratam, abandonam até perder-lhes a guarda para instituições de
amparo a menores e colégios internos, eximindo-se de qualquer responsabilidade, lavando as mãos, à semelhança de Pilatos.
Outro fator que também merece
vistas em outras décadas era a educação religiosa infantil que, na verdade, nada mais era do que
uma formação moral, voltada para o fundo espiritual, coisa que hoje em dia, não
é vista com bons olhos por grande parte da população. Frequentei duas
instituições diferentes que me forneceram a base ética da minha formação moral,
da igreja católica e da escola espiritualista. Não havia muita diferença na
didática de ambas. Quando se ensinava os pecados capitais como não ter inveja,
gula, usura, luxúria e outros com metodologia lúdica e tão convincente o
resultado era verificado no futuro: pessoas totalmente humanas, educadas nos
mais simples atos como aquele de se sentar em uma mesa e fazer uma refeição, a
respeitar aqueles que possuem bens sem odiá-los reconhecendo-os como seu par,
enfim ensinamentos que nunca atrapalharam ou diminuíram qualquer ser humano.
Ao invés, hoje o dinheiro de
dízimo fala muito mais alto, é o pregão primordial que inicia qualquer liturgia
religiosa, muitas instituições condicionam o recebimento de bênçãos divinas a
esse fator. O que dizer, então diante disso?
Inúmeras são as questões que
envolvem a Educação não apenas do Brasil como de outros países ocidentais onde
o capitalismo selvagem impera.
De todos estes fatores a
sociedade da era digital, dita altamente desenvolvida, produz seres totalmente
insensíveis que não sabem valorizar a vida, não respeitam os direitos e
sentimentos alheios; verdadeiras máquinas físicas que agem egoisticamente a seu
prazer tirando vidas, maltratando animais e tripudiando sobre eles.
Temos atualmente jornais de mídia
impressa e falada, digital ou não que exibem manchetes que chocam diariamente
pela atitude insana de seres que friamente maltratam seu par, torturam e
cometem atrocidades e crimes hediondos. Isso acontece em todos os países, em
menor ou maior escala. O que pesa é a atitude exercida pela Justiça no sentido
de corrigir esses desvios amparados pelos códigos penais de cada país.
No Brasil, onde grassa a
impunidade, há uma visão do país como imoral, pois não apresenta uma legislação
propícia à correção e reparação do erro. Há ao contrário, uma legislação frouxa
que facilita o crime e sua proliferação, uma vez que nenhuma das penas é
cumprida na íntegra, há o relaxamento delas até em crimes hediondos. A corrupção
corre solta, de forma que a população tem no descrédito todos os setores, inclusive o judiciário
e seus membros, embora se saiba que essa distorção de caráter não seja regra
geral.
Temos dois casos em evidência esta semana: o
caso do goleiro Bruno cujo julgamento já foi consumado e surpreendeu a todos
com a sentença impetrada. Nem de longe, foi feita a justiça. Mais um crime
covarde e sem justificativa que não oferece uma medida de reparação justa. É
óbvio que nenhuma punição trará de volta uma vida ceifada, mas e a questão
moral do país como fica? O lado do goleiro deve ser também levado em conta e
fica aqui também uma reflexão: por que as mulheres insistem tanto em “forçar a
barra” para ficarem com homens ricos e famosos? Fosse ele um homem pobre, jamais mulher alguma exigiria ou teria morrido para reconhecimento da
paternidade. Nossa sociedade precisa parar de valorizar alguém pelo que tem,
quantas mortes não estão acontecendo pela supervalorização do dinheiro?
O segundo caso ainda em andamento
do advogado Misael que ao que tudo indica assassinou friamente a namorada,
Mércia, cujo motivo ainda não foi evidenciado. Porém nem é preciso justificar, não
há justificativa para tamanha crueldade e covardia contra uma mulher frágil e
indefesa.
Antes de se fazer um código penal
justo, eficiente que aplique a justiça em todos os casos é preciso uma atenção
maior ao início da vida, à infância citadas no início, conduzindo-as com mais
carinho, atenção familiares, onde o amor seja o esteio e o único caminho eficaz
para que tenhamos uma sociedade saudável espiritualmente, que ame e seja amada,
que respeite e seja respeitada, que valorize sobretudo o ser humano acima de
qualquer bem ou valor material.