quinta-feira, 4 de julho de 2013

De céu a inferno

O tempo passou tão rápido... De repente, vemos o mundo transformado no que é hoje...




Acabada a poesia da vida, ou o milagre da existência humana onde todos os seres tinham valor individualizado.
O nosso planeta maravilhoso que inspirou a arte clássica e romântica que louvava a lua, as estrelas e os oceanos, assim como as exuberantes florestas verdejantes, nada mais significa atualmente num momento onde a comercialização de cada folha, sal marítimo, exploração lunar e de todo universo em busca de lucro, dinheiro e poder são os principais objetivos dos homens.  

Agradeço diariamente por ter nascido na década dos 50, um período maravilhoso da Terra onde a tecnologia e a ciência não haviam sido desenvolvidas para serem usadas de maneira criminosa. 
Muitas críticas provavelmente virão dos jovens do novo milênio que lerem esse artigo e as rotulações costumeiras de velha, ultrapassada, retrógrada, ignorante científica serão constantes. Mas reconheço que para quem não conheceu aquelas décadas em que ainda não havia a abdução humana pelas telas e linguagem digital não há a mínima capacidade de entendimento para as afirmações de que aqueles foram verdadeiramente anos dourados.
Que saudades da juventude inocente que se reunia naquelas tardes e noites domingueiras ao redor da praça central de cada cidade! Que saudades daquele contato direto entre as pessoas, das conversas olho no olho e das declarações de amor platônico através de serenatas e correios elegantes tão presentes e materiais. Hoje, a frieza e a indiferença leva jovens a namoros artificiais forçados pelos programas de TV, ou aos constantes e cansativos "ficarem" nas doentias baladas regadas a álcool e drogas onde os relacionamentos superficiais nunca levam a uma união saudável e sincera produzindo mães solteiras e filhos desamparados, os futuros marginais de amanhã.
 Contradizendo as afirmações de que todos estão em uma grande aldeia globalizada, convivemos com uma imensa solidão, em um individualismo a toda prova onde a solidariedade e o amor não existem, deixaram de fazer parte do comportamento da humanidade moderna.
Uma conduzida competição desenfreada tem levado  a todos ao isolamento e a discriminação insanos  gerando o ódio e a violência.
Num crescente terror, esse afastamento entre os homens levou a desintegração total da sociedade: são casamentos por interesse econômico apenas, amizades forjadas por favorecimento pessoal, seres que não são eles mesmos e vivem em uma constante fantasia longe da realidade obedecendo a padrões de aparência física e conduta ditadas pelas mídias invasivas e hipnotizantes; familiares que se desconhecem e não se ajudam mutuamente; formações espirituais condicionadas a dinheiro e poder político-econômico; tudo isso fez nascer um novo mundo, "A brave new world" um  planeta doente onde já não há mais a alegria de viver e conviver sadiamente sem magoar, ferir, matar... 
Com o novo e assustador milênio surgiram aos borbotões as profissões de psicólogos e psiquiatras tentando lidar com milhares de mentes deformadas pelo sistema de vida atual que machuca, separa e gera desajustes mentais conduzindo à droga, suicídios e homicídios.
Por muito tempo, o ser humano foi usado e abusado pelo poder político que usando o sistema educacional o levou  a acreditar em falsas verdades e formou cidadãos incompetentes, ignorantes políticos, sem cultura, cuja inteligência foi abafada propositalmente para gerar uma massa conduzível e fácil de controlar como um rebanho que obedece a tudo a um toque de berrante.
Instantaneamente, tudo se transformou no pior: sem a Educação a sociedade se deteriorou, a qualidade dos profissionais decaiu em todos os setores, a situação foi se tornando insustentável em relação a relacionamentos humanos onde ninguém reconhece o seu par.
Hoje, no mundo todo, os conflitos tomam as ruas e espalham o terror e morte. Passeatas e manifestações exigem melhores salários e condições de vida, mudanças políticas e cumprimento de leis, dentre outros.
Alguma coisa tem que ser feita rapidamente, há urgência de mudança, mas a principal delas reside realmente na Educação. Uma reforma radical  nas leis que a regem precisa ser efetuada no sentido de acabar com a impunidade que assola o país,  de resgatar o respeito pelo ser humano,  a preservação da vida que deixou de ter valor onde escolas convivem com o fantasma do tráfico de drogas, desestruturação familiar, bullying constante contra tudo e contra todos, sobretudo onde não há a disciplina necessária para que a aprendizagem aconteça regularmente, onde a praga dos celulares e da internet usada indevidamente não consegue ser controlada, onde as salas e pátios se transformaram em verdadeiros ringues de agressões e violência física.
A nossa maior bandeira não deve ser no sentido de maiores salários, é preciso uma conscientização de que, com raríssimas exceções, os profissionais estão muito mal qualificados, não têm disposição para o trabalho que deve ser incansável para todos, um reconhecimento  no sentido de que inúmeros feriados e lazer em demasia não produz uma nação justa e forte, é preciso uma luta para reformular novos sistemas de ensino nas escolas que propiciem o conhecimento teórico-prático necessário para formar a excelência nas profissões, uma exigência na seleção das carreiras públicas onde haja concursos e após  eles eleições diretas entre os candidatos aprovados, leis educacionais elaboradas por todos os professores que praticam o magistério e não por teóricos idealistas fechados em gabinetes a forjarem ideologias impalpáveis...Sobretudo é urgente, arregaçar as mangas e trabalhar, trabalhar, trabalhar e exigir trabalho...
Se o mundo escapar desse colapso que está sofrendo, certamente será pela qualidade de trabalho, cobrança e  imposição exercida  pelo cidadão deliberando em cada decisão a ser tomada dentro da nação...