quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dar a outra face...

Mais uma postagem que compõe meu álbum de esparsos literários.Pode este texto parecer muito contraditório a alguns que já tenho postado anteriormente, mas é hora de reciclagem, um novo ano se aproxima, sabemos que, exteriormente, apesar de que nada ou quase nada mude de um ano para outro, precisamos fazer um balanço de tudo o que vivemos durante estes 365 dias e tentar separar nossas atitudes positivas e negativas, coerentes e incoerentes, certas ou erradas para com as situações e pessoas  que enfrentamos no nosso  cotidiano. Acredito ser esta uma questão vital para que acertemos ou erremos nos relacionamentos vindouros e que possamos sempre com esta atitude, além de construir uma boa imagem,nos amarmos  mais a cada dia,  fator principal em nossa existência aqui na Terra...
Pode não parecer...Mas isso é uma oração. Brotou do fundo d'alma e das batidas do coração.
Quando rezamos, procuramos sempre ter uma imagem forte, que não precisa necessariamente ser a imagem de um santo. A natureza por si só é a representação divina por excelência, pois representa o poder do criador. Com toda sua exuberância, mostra-nos a nossa pequenez diante da criação onipotente.
E o mar... Representa toda a fúria e o esplendor ao mesmo tempo em que nos transmite uma sensação de paz trazida pelo ritmo e pelo rumor cadenciado das águas que retratam sempre as cores do céu.
E é com essa visão do oceano ao quebrar nas areias da praia é que inicio o minha súplica. Já não peço por saúde, dinheiro, paz, ou mudanças significativas em minha vida para o novo ano que se avizinha.



Peço para que não seja tão presente àqueles que não reconhecem ou valorizam a amizade sincera.
Que eu saiba ser menos humilde do que sempre me ensinaram, belas lições para um mundo mais antigo e mais justo; e me esforce para ser pelo menos um pouco mais vaidosa e orgulhosa à imagem dos homens modernos que só valorizam o dinheiro e os bens materiais.
Que eu consiga, meu Deus, pelo menos um pouco de maldade para cogitar da vida alheia o que nunca aprendi a fazer, como forma de sobreviver e ter a supérflua vida social que todos praticam ultimamente...
Que eu não esteja sempre tão disponível a favores pedidos nunca sinceramente valorizados, como meio de construir uma imagem mais forte e mais poderosa perante a sociedade, pois infelizmente não é verídica a frase: é dando que se recebe. Socialmente ela foi trocada por Quanto mais se TEM, mais se recebe e quanto mais se É menos valor se tem...
Que, sobretudo, eu consiga  ter o mínimo de artificialidade e futilidade para tornar-me igual a meus pares que valem mais pelo que compram, pelo que vestem, pelo que calçam e nunca pelo que são...
É preciso não confiar tanto, não acreditar profundamente no amor e na amizade como costumava fazer, antes de tudo é necessário forças para mudar e tomar conhecimento de  que (me perdoem as raríssimas exceções) há muito, a sinceridade e a franqueza foram substituídas pela maledicência e a inveja!
Acima de tudo, senhor,  faça com que consiga um pouco de desprendimento da ética e dos bons valores para que possa pelo menos aceitar e conviver com as novas mudanças onde o que era certo é errado e o que era errado é certo, como forma de me inserir na sociedade atual.
Que eu possa me manter tranquila e em paz com minha consciência, sem cultivar o espírito de luta contra as injustiças da vida que são a nova ordem deste mundo onde não há mais dignidade e retidão de caráter.
E que eu não valorize tanto o amor, artigo de segunda categoria para a humanidade que nos rodeia...
Que eu perca de vez a esperança em dias melhores que a cada dia se tornam mais impossíveis e distantes.
Ah! já ia me esquecendo...Que eu perca o meu jeito simples e franco de ser, pois hoje ele é demodê e  não oferece um status de destaque perante os homens, antes, diminui a minha imagem, que é ignorada pela grande maioria.
Ajuda-me a não ter essa imensa vontade de ajudar a todos e de trabalhar incansavelmente, são coisas não valorizadas.
E para terminar, meu pai, que eu pare de vez de oferecer a outra face, que eu reúna forças para me defender e revidar à altura cada pedra que me atiram...
Que eu aprenda, senhor, a ser menos idiota no ano que se aproxima. Amém.