Infelizmente o sentimento de renovação do Natal existe apenas nas palavras...
SERÁ
O FIM DO MUNDO?
SERÁ
O FIM DO MUNDO?
Este texto não se destina a
falar sobre iminência do final do mundo no dia 21 de dezembro passado como
pregaram jornais e noticiários de TV baseados nas previsões do Calendário Maia.
A agitação foi geral, embora
não tenha sentido desespero das pessoas pelos lugares onde estive. O que havia
era uma grande incredulidade presente no ar dado aos vários alarmes falsos que
já ocorreram de forma semelhante em outros anos. O mundo já esteve para acabar
muitas e muitas vezes, no entanto, ele aí está, a girar indiferente a tanta
mediocridade.
Por todo o noticiário de TV
que se dividia entre vitórias de times de futebol e tragédias violentas que sacudiram
os ânimos e entristeceram, foram relatados casos de pessoas que se ocuparam em
construir arcas à semelhança da história bíblica de Noé gastando imensas
fortunas para safar-se da hecatombe e permanecerem vivas, outras que migraram
para locais protegidos por placas de cristais e outras loucuras mais, no
intuito de manter a salvo a sua existência e a de sua família.
Entretanto, ninguém se
preocupou em salvar o seu espírito, engrandecer seus valores, efetuar mudanças
significantes na sua conduta insuportável e fútil.
Vemos pessoas sem conteúdo
algum, sem vida própria, sem o devido desenvolvimento intelectual, que apenas
se ocupam do consumismo exagerado quando não vivem a vida de outras tocando
sempre a mesma nota do teclado, que de tão tocada já desafina...
Às vezes me questiono
indignada se não estarei a ficar intolerante demais, pois é para mim totalmente
irritante ter que participar de diálogos inconsistentes que elogiam o corpo
transformado pela lipo de sicrana, a juventude artificialista trazida pela
aplicação de botox em beltrana, talvez o lifting e a cirurgia plástica ou ainda
o silicone implantado em seios e região glútea de celebridades ou de peruas ou
patricinhas que só idolatram a aparência visual quando deveriam se preocupar em
efetuar uma operação plástica em seus cérebros! Quem sabe talvez o
aperfeiçoando conseguissem enxergar melhor a posição ridícula em que se
encontram. Sinto-me pouco à vontade em reuniões deste tipo onde da minha parte
apenas existe o silêncio aterrador, nessas horas o “sem palavras” é o recurso
mais recomendável, embora cause um tremendo mal-estar, uma reviravolta no mais
fundo do âmago ter que concordar, sim, porque quem cala consente que a
desmiolada de botox e silicone é maravilhosa e que anda cortejada por
milionários.Ah! se pensamentos fossem revelados, a convivência seria
praticamente impossível: de que adianta o milionário, se ele também pela
própria escolha que faz é “farinha do mesmo saco”? É vaso sem flor, lâmpada
queimada, fósforo que não dá chama... Cabe aí o velho ditado: “Diga-me com quem
andas que eu te direi quem és... Sábio provérbio que cai como uma luva numa
situação dessas. O clima torna-se simplesmente insustentável porque este
silêncio que me acomete como se um gato tivesse me comido a língua, induz a
sensação de que há um sentimento de inveja de minha parte por não concordar com
os comentários imbecis que me invadem os ouvidos e calam minha voz quando em
inúmeras ocasiões a roda de inúteis comenta sobre celebridades sem valor algum
que viram nos facebooks da vida. Quanta insensatez! Enquanto disso se ocupam, seus filhos desajustados e dominados não conseguem ter independência ou vida
própria, são verdadeiras marionetes manipuladas constantemente. Não há o que falar,
porque apenas sairia um impropério, um grito retumbante de revolta perante tamanha pequenez
e ignorância de vida. Pois só um ser totalmente insensível, acéfalo, ou de
encéfalo já atrofiado pelas constantes superficialidades poderia desta forma
agir.
O pior de tudo isto é que este
superficialismo não tomou conta apenas de significante número de pessoas, ele
dominou as artes, revelado em filmes de temas inconsistentes e irrelevantes que
o que mais fazem são promover produtos e empresas milionárias; novelas de TV
que abordam assuntos onde grassa a mediocridade, a incoerência e a
inverossimilhança perante à realidade,
dividindo-se em narrativas das classe antagônicas onde, por incrível que
pareça, o pobre vence a luta contra os milionários...Grande consolo para uma camada escravizada da população que ainda acredita em estórias da carochinha.
Os heróis atuais são fúteis, sem valores dignificantes, a abrangência dos temas
nunca é aprofundada como dantes e não causam sensação alguma, aliás, causam
sim, sensação de tédio e depressão, quando muitos inacreditavelmente somente
contam com essa antiarte, anticultura que só mostra frivolidades, e muitas outras "ades" como meio principal de lazer. E o mais incrível é que faz sucesso entre os pobres infelizes!
Sabem de uma coisa, acho que
a pobre infeliz sou eu, à semelhança da conclusão do Dr. Bacamarte, no Alienista, tão bem colocada na literatura machadiana, um ser que não consegue mais adaptação no meio
artificial e maldoso em que vive, onde a crítica aos amigos ausentes é uma
constante, onde a valorização da posição social e do dinheiro é colocada em
primeiro plano em relação ao altruísmo e a dignidade de caráter que antes eram
valores principais em um homem, independente do status e classe social que
ocupava.Onde a falsidade, o oportunismo e a preguiça física e mental já forma os futuros "Alzheimerers" que começa cedo com as mensagens repetitivas de manhã à noite dos belos programas de TV exibidos por emissoras que deveriam adotar o nome: "Vale a pena ver de novo" que não estimulam o cérebro, ou os neurônios a se exercitarem, atrofiando-os e matando-os gradativamente. A propósito, os ilustres pesquisadores deveriam fazer uma tese a esse respeito.
É uma pena ter que falar de
assunto tão desagradável em uma época de confraternização como esta. Mas quem
foi que disse que isso é confraternização, onde muitos falam e poucos se calam
para não ser grosseiros, transformando-se em robôs ou vaquinhas de presépio a
sacudir a cabeça, em nada aquiescendo com aqueles despautérios?
Por tudo isso, como falar em
fim do mundo? Ele já acabou há bastante tempo, olhem a sua volta...
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