Aproveitando o gancho do texto anterior sobre a situação
calamitosa da Saúde em nossa cidade e consequentemente em nosso país, é preciso
detalhar também a situação das UBSs, ambulatórios e PSs que apresentam os mesmos
problemas: gestão ineficiente, pouco inteligente, burocrática entre outras
deficiências...
Sistema
doente
A questão que não deve se calar é: Como pode um sistema de
saúde ser tão travado, sem praticidade alguma que pouco favorece a população
que dele precisa?
Não devemos ser neutros ou até mesmo ignorar as desvantagens
do sistema público de saúde, pois até mesmo os mais privilegiados que podem
financiar um plano de saúde privado, podem em algum momento necessitar de seus
serviços. Ninguém pode prever em que instante irá precisar de atendimento
médico de urgência, se lastimavelmente isso ocorrer em uma via pública, não
importa se próximo a uma UBS, certamente não será atendido com a argumentação
de que o estabelecimento não é Pronto-Socorro e como tal, não oferece estrutura
para esse fim. Provavelmente, o cidadão deverá aguardar na rua a chegada de um
SAMU ou Resgate do Corpo de bombeiros, principalmente se estiver sozinho e
inconsciente, fato que infelizmente, não o possibilitará acionar o seu seguro
saúde...
Mas, por que razão, não podem as benditas UBS oferecer também
os serviços de emergência? Quantas vidas não seriam salvas com essa
possibilidade, ao invés de apenas o atendimento regular e precário do dia a
dia? O sistema deveria proporcionar o máximo e não o mínimo. Para começo de
conversa, a distribuição do público pela rede física é inadequada, revelando
que quem a administrou sequer conhecia a cidade de São Paulo, prejudicando o
usuário que é obrigado a se cadastrar muito longe de sua residência, tendo
postos de atendimento mais próximos os quais não é autorizado a utilizar.
Para melhor eficiência, seria necessário fazer uma redistribuição do público
que revelasse maior inteligência e adequação racional.
Outro detalhe que reforça a má qualidade do atendimento
nessas UBSs é o nível dos atendentes que ali trabalham e que mantêm contato
direto com o cidadão que procura seu serviço. Tem-se a nítida impressão de que
não há habilidade alguma, nenhum traquejo social, ou qualidade de educação para
esse fim. Não querendo criticar a pessoa humana que ali se encontra, com
raríssimas exceções, existem funcionários bem preparados, educados e humanos no
trato e conhecedores da sua função. A maioria oferece um trabalho de péssima
qualidade que faz com que o público sinta-se a pedir esmola, sendo maltratado a
qualquer pergunta que faça, além de não obter a informação de que precisa como
se nada tivesse pagado por esse serviço.
São funcionários que desconhecem a noção de “público” e, como
donos da situação trabalham de mau-humor e predispostos a censurar e maltratar
ante qualquer questionamento ou cobrança de informação. E o mais surpreendente
é que tal fato acontece diariamente sem uma supervisão e um gerenciamento que
sane esse mal e o corte pela raiz.
E quando se trata de encaminhamentos médicos, então, é que a
situação piora, é mais fácil ganhar na loteria do que consegui-los, dessa forma
a população que necessita de um hospital especializado fica à mercê dessa
péssima administração tendo que passar por várias unidades e ambulatórios
muitas vezes nada conseguindo, apesar do “chá de cansaço” que leva peregrinando
em verdadeiras via crucis por todas
essas instituições. E todo o serviço é travado: ao encaminhar uma reclamação a uma
Ouvidoria, não se consegue um funcionário que tenha um nível de conhecimento que
proporcione o entendimento da sua mensagem, revelando uma morosidade a toda
prova onde deveria haver agilidade, pois é uma das últimas instâncias a que o
usuário recorre...
Para um melhor atendimento, não deveria haver essa história
de atendimento condicionada a endereço e rede física, se o cidadão é contribuinte, não importa o local onde procura ajuda, ele deve ser atendido; da mesma forma
quanto à questão de encaminhamento para hospitais especializados deveria ser
fato normal, uma vez que o paciente apresente um laudo com histórico da doença
que o consome. Por que dificultar o óbvio, causando a piora da condição do
paciente ocasionada pela demora pouco inteligente e ineficaz? O cidadão não
contribuinte da mesma forma é um ser humano e deve ser atendido quando a
situação o requer.
No entanto, para o poder público é mais vantajosa a
divulgação de falsos bons resultados que garantam a próxima eleição ao invés de
arregaçar as mangas e administrar, fazer com que o sistema realmente valha à
pena e faça retornar em benefícios os impostos e tributos pagos pelo cidadão
brasileiro.
Até quando, meu Deus, o povo será escravo e padecerá sem
atendimento digno vendo a sua saúde e de sua família correndo riscos em
instituições públicas onde proliferam o erro médico, a falta de higiene e o
tratamento desumano de funcionários que mal remunerados e sem a qualificação
necessária tripudiam sobre os menos favorecidos.
Se ainda há esperança é difícil prever, porém, enquanto esta
situação predominar, pagaremos todos os nossos pecados aqui mesmo, na Terra...
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