O dia mundial da água já passou... Foi em 22 de março. Criada em 1993, pela Organização das Nações Unidas, (ONU) essa data traz como objetivo principal a preservação dos mananciais de qualquer tipo ou tamanho como garantia da sobrevivência do ser humano nesse planeta magnífico chamado Terra.
Terra, planeta água?
Parece inacreditável, mas a foto acima é do rio Tietê. Servindo populações de todo o Sudeste nacional por mais de 6000 anos, essa fonte importante abastece uma grande parte do interior paulista, percorrendo 1100 quilômetros, abastecendo 62 municípios paulistas antes de desaguar em outro gigante; o rio Paraná. O incrível nisso tudo é que nasce na Serra do mar a aproximadamente 22 quilômetros do oceano, mas a geologia do terreno, faz com que ele tome o caminho inverso...
Se alguém já teve a chance de visitar a sua nascente, pôde perceber a diferença na qualidade da água. A foto que ilustra o texto foi tirada por mim e mostra a degradação, a miséria humana, sua capacidade e poder de destruição. Deus nos dá a pureza, a garantia de uma vida saudável e o homem transforma em veneno, tornando impraticável a potabilidade daquelas águas.
Estamos brincando com a natureza? O que ela tem a nos devolver com essa atitude insana, irresponsável? É do conhecimento de muitos que a água própria para o consumo, a chamada água potável existe na proporção de apenas 2,5 % em nosso planeta.
As agressões começam nas grandes cidades, em São Paulo, por exemplo, é tradicional um grande rio como o Tietê servir de esgoto, receber lixo e detritos sem tratamento sério, obtendo como resultado mudanças lúgubres nesse manancial, que se manifestam pela cor escurecida, textura grosseira e odor insuportável. Entretanto, infelizmente, como é grande o poder de adaptação do homem, todos acostumam-se com essas irregularidades, fechando os olhos para o problema ou lavando as mãos à moda de Pilatos... Afinal, a labuta diária, corrida pelo dinheiro, a falta de planejamento e organização social afastam as atitudes racionais que deveríamos tomar, repudiando essa situação inadmissível.
Aqui na capital paulista, inúmeros foram os mandatos de prefeitos que fecharam os olhos e apesar de slogans como "Cidade Belezura", Cidade Linda" entre outros, jamais moveram uma palha para mudar esse quadro triste, e pelo que podemos perceber o rio Tietê está morrendo aos poucos. Viajando de São Paulo para a cidade de Salto podemos constatar essa triste realidade; a eutrofização, ou seja, a poluição das águas por detritos faz crescerem as algas, em consequência disso, há redução de oxigênio e morte do ecossistema aquático. Do alto da pequena serra na Estrada dos Romeiros, temos a visão da perda tremenda de grande parte do rio, inclusive, trechos consideráveis em que a água foi substituída pelas algas...
Não entendi até o dia de hoje o porquê de slogans que não condizem com o estado real das coisas... Como desconsiderar um tesouro destes de que o Brasil dispõe, enquanto outras nações sofrem com a escassez de rios e lagos? Como não arregaçar as mangas e colocar os mananciais como prioridade, como principais fontes de saúde e vida para a população? Os termos"Belezura" e "Linda" soam jocosamente quando passamos e constatamos essa calamidade toda.
Grande alarde é feito hoje em eventos internacionais que tratam do meio ambiente, a falácia toma conta dos homens públicos e dirigentes de países que levam seus depoimentos em nível mundial, mostrando em seus discursos a existência de grandes projetos, cuja realização na prática não acontecem. Vemos a cada dia a extinção das águas potáveis, lençóis freáticos, dos nossos rios e mares sem que nada seja feito de eficiente, que corte o mal pela raiz, que garanta a sobrevivência dos nossos ecossistemas.Uma grande parcela da sociedade é terrivelmente culpada por tudo isso: grandes e pequenas empresas inconscientes que lançam seus resíduos industriais nas águas; grandes mineradoras que maculam com mercúrio o ambiente aquífero visando apenas poder e dinheiro; da mesma forma grupos do agronegócio poluem as águas com uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos; pessoas que utilizam o curso dos rios para nele escoarem embalagens, detritos, animais mortos e até móveis numa amostra deplorável da ausência de cidadania e empatia. Sabemos de longa data, que as propriedades da água são ausência de cor, de cheiro e sabor. Qualquer criancinha no início de sua instrução acadêmica é orientada nesse sentido, então por que continuamos ou deixamos que essas ações aconteçam, que essas propriedades sejam alteradas?
Países bem estabelecidos financeira e, sobretudo, culturalmente já passaram pelo problema e o resolveram como o caso do rio Tâmisa da Inglaterra, que travou uma luta incansável durante os anos de 1850 a 1970, entendendo o valor daquele recurso para o país . Da mesma forma, a Europa realizou um trabalho magnífico com rio Reno durante 20 anos, e dispondo de 15 bilhões de dólares para a despoluição de produtos industriais e agrícolas que maculavam a pureza das águas.
Muitos amigos com quem converso diariamente em um grupo da adolescência, alegam que o rio Tietê ao noroeste do estado ainda está bem cuidado, mas todo o cuidado é pouco, é preciso manter a vigília diária, a reação pronta contra qualquer tipo de ameaça e isso independe de apenas uma região, uma vez que se os detritos aumentam no leito de um rio vão contaminando todo o seu percurso fluvial.
Para que um tesouro do quilate do rio Tietê seja resgatado, é necessário antes de tudo, vontade, consciência, humanidade, ética, sensibilidade e porque não dizer espírito de trabalho. Tratamento de qualidade na questão de esgoto, fiscalização criteriosa dos grupos empresariais; fiscais éticos que não façam olhos grossos à causa; população mais educada e passível de punição em caso de crime ambiental; do contrário só teremos doenças e morte.
De nada valem os discursos vazios em grandes congressos, porém, distantes da realidade. Palavras que se esvaem ao vento...
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