terça-feira, 30 de abril de 2024

A uma rosa

 Castro Alves,  grande poeta do Romantismo brasileiro,  imortalizou-se com seus poemas e um deles, muito belo é o intitulado: "A duas flores". Se o amigo leitor aprecia poesias, há de se lembrar da primeira estrofe:

"São duas flores unidas, são duas rosas nascidas, talvez no mesmo arrebol. Vivendo no mesmo galho, da mesma gota de orvalho, do mesmo raio de sol..."



Imagem própria


Só mesmo uma alma romântica é capaz de dedicar um poema inteiro a duas rosas. Num momento como o nosso, esse fato nem é mais admirado, sequer visto e valorizado como merece.

"Apenas uma flor, não tem nada demais nisso" é o que ordinariamente se ouve.

Entretanto, estou inserida naquele contexto panteísta e gracioso que valoriza a natureza, seus milagres, sua imensa beleza, tentando reunir palavras que traduzam a importância que alguns fatos podem trazer a nossa vida e ao nosso estado de espírito.

Foi o que ocorreu há dois dias na sacada de meu apartamento. Havia quase um ano que em meus passeios de bicicleta pelas praças próximas à Avenida Braz Leme, trouxera uma muda de roseira. Por sinal, trazia várias rosas, enxertadas, pois apresentavam duas cores: champanhe e rosa. De princípio, já sabia que replantando aquela espécie, suas flores teriam apenas uma cor: champanhe ou rosa. Muitas coisas aconteceram durante esse período que a plantei: fiz seu próprio vaso de cimento, adubei, plantei. O primeiro botão não vingou e logo presenciei sua queda com pesar, constatando o ataque de uma praga que combati ferozmente. Após a primeira poda, me surpreendi com três botões fechados que eram exibidos em três galhinhos diferentes. Meu entusiasmo aumentou, ao invés de apenas uma, teria três flores! 

Minha alegria foi impactada quando percebi com tristeza que dois dos botões tinham caído, porém não encontrei vestígios deles como da outra vez... Imaginei que algum inseto poderia estar comendo as flores, passei óleo mineral, em cada folha e no próprio botão que restara.

E finalmente, eis que com orgulho recebi o maior presente da semana: a rosa se abriu e era da cor champanhe, maravilhosa, uma verdadeira mágica da natureza!

Não tenho as duas rosas como no poema de Castro Alves, mas tenho um tesouro único, capaz de encher meu coração de alegria e júbilo, e o melhor: tenho a possibilidade de rever muitas outras na nova temporada de rosas...




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