terça-feira, 3 de dezembro de 2024

 

Foto da estação ferroviária de Guararema


Lembranças agradáveis



Guararema é um cidadezinha encantadora do interior da cidade de São Paulo. Já me acostumei a passar por lá em incontáveis feriados ou fins de semana. Parece que a cidade foi desenhada e decorada pelas mãos de um arquiteto cuidadoso, caprichoso na criação e extremoso em sua manutenção. Não é à toa que é considerada uma cidade turística, banhada pelo belo Rio Paraíba do Sul.

Em cada canto ou esquina, uma surpresinha agradável: os quiosques rodeando o rio cheio de lojinhas e lanchonetes; o vetusto pau d'alho ornamentado a seus pés por cinerárias e florezinhas coloridas; as inúmeras sorveterias tão bem decoradas, ou ainda, a Ilha Grande, exibindo sua amostra de mata Atlântica, porto seguro das capivaras, peixes e outros animaizinhos silvestres que fazem de lá o seu lar.

Da  última vez em que lá estive, ao estacionar o carro ouvi nitidamente os sinos da igreja Santo Antônio a repicarem, seguidos de uma triste melodia, a Ave-Maria.

Contemplativa como sou, senti a harmonia da música em sincronia com o céu puro e azul, a leve brisa matinal balançando a copa das delicadas árvores ao redor. Enquanto as tristes notas musicais da Ave-Maria de Gounod, penetravam pelos meus ouvidos, minha mente viajava passeando por memórias nada alegres, por instantes de angústia e dor, pelos quais todas as pessoas passam nessa vida atribulada.

Caminhando sempre, já  não ouvia com nitidez a música e sim o apito forte da Maria Fumaça, uma bela locomotiva centenária americana a puxar vagões representando a época, lotados de turistas que chegavam da viagem.

Enquanto visitava o pequeno museu ferroviário, numa sala adjacente à bilheteria, aquele apito e a visão da louçaria, principalmente os pratos e talheres que prestavam o serviço nos restaurantes do trem antigamente, me conduziram aos meus tempos de menina, que olhava com admiração e devorara os pratos de macarrão com paladar infantil que a tudo aceita e gosta.

Apreciei também as antigas peças dos trens de outrora com olhos de adulto que compreendem melhor o funcionamento das máquinas, o que leva embora a magia e o encantamento resultado da ignorância e inocência do olhar de outrora, que a tudo via com admiração.

Infelizmente, as horas passam, chega a hora de voltar pra casa, entretanto, as memórias ocupam um belo espaço, transformando-se em lembranças que nos farão companhia e estarão presentes sempre que quisermos resgatá-las. 

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